Economista com ampla trajetória nas áreas pública e privada, o gaúcho Aod Cunha avaliou nesta quarta-feira (9), a pedido da coluna, o movimento feito pelo governo Bolsonaro no sentido de reverter a alta no preço dos alimentos, verificada nos últimos dias. Conforme informou GZH, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacom), que é vinculada ao Ministério da Justiça, notificou supermercados e empresas e cobrou questionamentos a respeito da alta dos produtos da cesta básica.
Para o economista, a medida é "populista" e "equivocada".
- Acho bem ruim. Tem cara de década de 70 e 80, quando tínhamos descontrole da inflação e tirávamos o "sofá da sala". Controle de preços se faz na Venezuela - declarou.
Por seu trabalho reconhecido (é também ex-secretário da Fazenda do RS), Aod é um dos economistas brasileiros que mantém interlocução com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Inclusive, apoia grande parte da agenda econômica organizada pelo titular da pasta, em especial as reformas propostas, como a da Previdência, já aprovada, e a Administrativa, em andamento no Congresso Nacional. Para o economista, a defesa do equilíbrio fiscal é preceito fundamental para a administração pública, a fim de assegurar organização financeira do Estado, que permita a promoção de políticas públicas, como nas áreas de saúde, segurança e educação.
Apesar do alinhamento quanto à agenda econômica, Aod Cunha não concorda com o movimento orquestrado pelo ministério da Justiça e lembra que esse tipo de regulação é característica presente em regimes populistas.
- A gente já viu esse filme, não só na Venezuela ou na Argentina, mas viu no Brasil mesmo, no passado. E a questão não é nem ser a favor do aumento dos preços. É óbvio que ninguém quer que os preços, em especial de alimentos da cesta, básica aumentem. O problema é que isso é impossível. O passado já demonstrou isso. Os aumentos estão acontecendo por uma série de razões: excesso de exportação, o auxílio emergencial injetou renda mais rapidamente, a produção não respondeu rápido. O mercado funciona assim, não adianta querer reinventar a roda - concluiu.
O ex-titular da Fazenda completou, para explicar a elevação nos preços:
- Só há uma coisa que explica o movimento de preços: oferta e demanda. Preços são consequências desses movimentos. Se o preço subiu porque a demanda está maior do que a oferta, provavelmente a oferta será ainda menor se os preços forem congelados - pontuou.