O órgão mais sensível do corpo humano não é o coração, pasmem, mas o bolso. A frase é da minha amiga e colunista de economia de GZH Giane Guerra. E essa dor que pesa no bolso dos consumidor costuma ter reflexos importantes na política nacional. Nos últimos dias, quem vestiu máscara e percorreu os corredores dos supermercados sabe bem sobre o que estamos falando.
Um dos itens que registrou alta expressiva é elemento essencial na mesa da família brasileira: o arroz. O produto disparou, sobretudo nos últimos dias. Um pacote de cinco quilos chega a ser encontrado com custo de R$ 40, embora normalmente seja vendido a cerca de R$ 15. O preço da saca de 50 quilos atingiu R$ 102,93, o maior valor nominal já registrado na história do indicador Esalq/Senar-RS. A alta acumulada é de 114% no ano.
Além do arroz, alimentos como leite, feijão e óleo de soja chegam a acumular altas superiores a 20% no acumulado dos últimos 12 meses, conforme informaram entidades ligadas ao setor.
O alerta vermelho acendeu não somente no carrinho do consumidor, mas também no Palácio do Planalto. O presidente Bolsonaro acionou sua equipe. E também tratou de informar a apoiadores que pediu aos donos de supermercados "patriotismo" para que pudessem segurar o preço abrindo mão de (parte de) seus lucros. A declaração foi registrada por GZH na última sexta-feira.
- Só para vocês saberem, já conversei com intermediários, vou conversar logo mais com a associação de supermercados para ver se a gente.... não é no grito, ninguém vai dar canetada em lugar nenhum. Então estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí... Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro - informou o presidente a apoiadores.
Questionada nesta terça-feira (8), durante reunião ministerial, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, garantiu que não vai haver falta do produto. A pergunta, vejam só, veio de uma youtuber de 10 anos de idade - convidada por Bolsonaro para o encontro. Tereza sinalizou que o governo fará o preço baixar, mas não disse de que forma.
- Arroz não vai faltar. Agora ele está alto, mas nós vamos fazer ele baixar, se Deus quiser vamos ter uma supersafra no ano que vem - disse.
Há temor na ala política, principalmente pelo desgaste que a alta dos preços pode provocar na popularidade do presidente. Não à toa, o governo montou, nos bastidores, uma espécie de "tropa de choque" para monitorar a situação, principalmente do arroz e do feijão. A intenção é que mantenham Bolsonaro informado sobre os movimentos que vêm sendo comandados pelos ministérios da Agricultura e da Economia para "normalizar" os preços e evitar o risco - que é mínimo - de desabastecimento.