Em um passado não tão distante, bem antes de o mundo parar pela pandemia, o presidente da República ofendia jornalistas, participava de manifestação contra o Congresso Nacional e recebia com honra torturador no Palácio do Planalto. A responsabilidade caiu sobre a cabeça de quem? Da mulher, claro. Michelle Bolsonaro teve seu nome envolvido em boatarias sobre sua vida conjugal por gente que pretendia atingir a honra (!) do chefe do Poder Executivo.
Corta para a Capital gaúcha. Há poucos dias, o prefeito de Porto Alegre liberou a realização dos jogos da dupla Gre-Nal na Arena e no Beira-Rio, enquanto lojistas reclamaram - com razão - que estavam há semanas com as portas trancadas. Assim como também reagiram donos de shoppings, restaurantes, academias e até mesmo estéticas, já que a primeira-dama apareceu nas redes sociais realizando procedimentos em um clínica de dermatologia. As cobranças são absolutamente legítimas e perfeitamente compreensíveis, dentro de um regime democrático. Aliás, não é sobre essas críticas que quero falar.
Para além destas mensagens, ataques de ódio e com conteúdo repugnante inundaram as redes (anti) sociais. Ao mencionar o tema, a colunista Rosane de Oliveira achou por bem não reproduzir ofensas de baixo nível. Pois eu decidi postar algumas aqui:
"Que mina gostosa e tem talento. Prefeito não tá comendo esse bife sozinho"
"O prefeito é corno"
"Era uma das pistolas que ficavam dançando um passinho nada haver (sic), até fiz homenagem para essa chinela"
Tudo isso despejado com bile por homens e mulheres que, imagino, discordam do prefeito e de suas políticas para o enfrentamento ao coronavírus. Agora, me responda, por qual razão interessa aqui o porte físico da primeira dama? Ou mesmo a relação sexual dela com o marido? Por que raios - em pleno ano de 2020 ! -, para atingir um homem, ainda há quem insista em dizer que ele não consegue "manter" uma mulher? Apenas parem.
Como já escrevi em outra oportunidade nesta coluna, especular sobre a vida sexual de Michelle Bolsonaro é nojento e lamentável. Vale o mesmo para Tainá Vidal.
Discorde dela. Do prefeito. Do governador e de Bolsonaro. Mas não me venha com ofensa machista, preconceituosa e retrógrada. Evolua. Para o seu bem e da humanidade.