A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff e entusiasta da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República em 2018, conversou com o programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta segunda-feira (27).
Janaína avaliou o comportamento pessoal do presidente como equivocado, classificando-o como "rebelde" e típico de um "adolescente". Ela se referia ao descuido com protocolos, como não usar máscara para proteção contra o coronavírus e promover aglomerações.
— Não tem como negar que o comportamento dele foi inadequado, um comportamento rebelde — disse.
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Entretanto, Janaina afirmou enxergar um viés político e "oportunista" naqueles que propagam a ideia de que somente o presidente e o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, são culpados pelo número elevado de mortes por coronavírus no Brasil.
— Me parecem muito mais críticas ideológicas e eleitoreiras do que críticas técnicas. Ele (Pazuello) atende Estados, foi buscar medicamentos, fez um protocolo dando liberdade para médicos na ponta — explicou.
No programa, Janaina também foi questionada sobre as últimas decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes, dentro do inquérito que apura a disseminação das chamadas fake news. Atendendo a despacho do ministro, na semana passada, redes como Twitter e Facebook suspenderam contas de aliados do presidente e que são alvo de investigação.
Figuras como o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), o blogueiro Allan dos Santos e os empresários Luciano Hang (da Havan) e Edgard Corona (das academias Smart Fit) tiveram suas contas suspensas.
— Esse inquérito, eu venho criticando desde o início, muito antes dele atingir bolsonaristas. Bolsonaristas que, em regra, me criticam. Então que isso fique bem claro. Quando eles cercearam a revista Crusoé, quando de certa forma intimidaram fiscais que vinham fazendo apurações sobre movimentações financeiras, aparentemente diferentes dos próprios ministros. Eu critiquei esse inquérito no nascedouro. Sobre o ponto de vista técnico jurídico, tenho uma visão praticamente idêntica daquela exposta pelo ministro Marco Aurélio, quanto os demais ministros votaram favoravelmente ao inquérito, então o voto do ministro Marco Aurélio me parece histórico — explicou.
O presidente Jair Bolsonaro, por meio da Advocacia-Geral da União, anunciou no último sábado (25) uma ação no STF contra decisão do ministro Moraes. Na Ação Direta de Constitucionalidade (Adin), o governo usa a liberdade de expressão como justificativa contra a decisão, ao afirmar que não há base jurídica para suspender ou bloquear perfis em redes sociais. Argumenta-se que o ato é censura prévia, algo proibido pela Constituição.
Argumento com o qual a deputada Janaina concorda:
— Eu vejo como censura porque é prévia. É muito assustador um STF que manda prender, manda retirar computador — completou.