Não é surpresa que a ingratidão de Jair Bolsonaro torne a aparecer. O alvo da vez é a deputada federal Bia Kicis, ex-procuradora do Distrito Federal, e uma das aliadas mais fiéis ao presidente até aqui. Bastou o voto contra o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) na Câmara para que fosse arrancada da vice-liderança do governo, decisão publicada em edição extra do Diário Oficial. Bolsonaro quis contar a aprovação como vitória de seu governo e não houve piedade para quem se posicionou de forma contrária.
Bia foi um dos sete parlamentares que votaram contra.
À jornalista Natuza Nery, da Globonews, a deputada justificou seu voto contrário ao Fundeb:
- Eu votei segundo a minha consciência. Aliás, eu segui o exemplo do presidente Jair Bolsonaro que quando era parlamentar só votou de acordo com a consciência dele - explicou.
Bia mandou recado ao Palácio do Planalto, mas não houve nem sequer tempo para que seu argumento fosse ouvido. Ela já estava fora do posto de vice-líder.
A ingratidão do presidente, como dito no início deste texto, não tem cheiro de novidade. Já foram atacados pelo chefe do Executivo ex-aliados do seu núcleo duro de apoio, como Gustavo Bebianno, ex-ministro que morreu em março deste ano, e o general Santos Cruz, vítima do gabinete do ódio nas redes sociais. Ambos haviam sido extremamente próximos a Bolsonaro. No caso de Santos Cruz, a ingratidão se revelou ainda mais injusta depois que um laudo da PF mostrou que eram falsas mensagens atribuídas a ele, nos quais ele teria classificado Jair Bolsonaro como "imbecil".
No episódio Bia Kicis, a destituição da deputada fala ainda sobre o namoro que já se tornou casamento como políticos do chamado centrão, grupo criticado - durante a campanha - pelo próprio Bolsonaro e pelo ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, como representante da "velha política" e do fisiologismo. Na cadeira de presidente, Bolsonaro agora protagoniza tudo aquilo que prometeu combater.