Como parte da estratégia de enfrentamento ao coronavírus, o modelo do chamado "distanciamento controlado" entra em vigor nesta segunda-feira (11) em todo o território gaúcho. Construído a partir da análise de uma série de dados técnicos e junto à percepção de entidades de diversos setores, o projeto propõe um ponto de partida para a retomada de algumas atividades, a partir da adoção de quatro níveis de restrições, representados por bandeiras nas cores amarela, laranja, vermelha e preta (conforme a propagação da doença e a capacidade do sistema de saúde). O modelo vem sendo elogiado por técnicos e profissionais de saúde porque monitora o avanço da doença semanalmente - com base em números de ocupação de leitos e novos casos, por exemplo - e permite medidas mais ou menos restritivas, conforme a realidade de cada localidade.
A coluna conversou com diferentes profissionais para colher avaliações sobre o modelo. A percepção geral é de que Leite e sua equipe construíram um dos melhores planos do país para tentar resolver a difícil equação que precisa considerar o isolamento, como forma de proteger a população, mas também promover a retomada gradual de atividades a fim de resguardar a atividade econômica. Para o ex-titular da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, trata-se do mais "detalhado, inteligente e racional" dos planejamentos estabelecidos até aqui pelos governadores. Durante o tempo que esteve no ministério, Gabbardo foi uma espécie de braço direito do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que deixou o governo após atritos com o presidente Jair Bolsonaro.
A coluna também consultou o ex-ministro Mandetta sobre o plano que entra em vigor nesta segunda-feira. Em entrevista à Rádio Gaúcha, na semana passada, ele já havia confidenciado conversas com o governador Eduardo Leite, à época de sua saída, e avaliado a ação do Piratini, ao dizer que estavam em análise "estudos de excelente nível" por parte do chefe do Executivo gaúcho. Mandetta ainda elogiou a secretária de Saúde do Rio Grande do Sul, Arita Bergmann, como uma das "melhores do país".
Nesta segunda-feira, o ex-ministro acrescentou à coluna a importância de o modelo ser atualizado conforme a evolução da pandemia, com atenção especial aos meses de inverno no Rio Grande do Sul.
- Este caminho do RS é um ponto de partida com muitos parâmetros, o que dá a ele algum grau de controle. Deve ser monitorado diariamente. E pode ser necessário diminuir a mobilidade a qualquer momento sem demora caso a velocidade passe a capacidade de atendimento nas projeções. Junho e julho são os meses mais intensos do RS, que fez um bom preparo de atendimento, mas que deve ficar muito atento á evolução da doença - explicou.
De fato, o plano será atualizado a cada semana. A cor das bandeiras referente a cada município poderá mudar, dependendo da evolução dos indicadores. A intenção é atualizar o resultado ao menos uma vez por semana, a cada sábado.
— É um modelo muito consistente, trabalhado com ciência, com dados, com um grande esforço de muitos especialistas que se envolveram pra que definíssemos o peso dado a cada região e os protocolos das atividades econômicas — afirmou o governador ao detalhar as medidas.