A megaoperação deflagrada na manhã desta terça-feira (3) por autoridades gaúchas a fim de transferir líderes de organizações criminosas para presídios federais é parte fundamental da estratégia que busca reduzir índices de violência e de criminalidade no Rio Grande do Sul. A avaliação foi compartilhada com a coluna pelo procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen. À frente do Ministério Público, Dallazen explica que a ação, batizada de Império da Lei, desidrata o comando de facções que atuam em diferentes municípios gaúchos.
Na prática, a transferência e o consequente isolamento desses criminosos denota em imediata perda de força do grupo. Isolado, o líder não tem poder para coordenar ações (comandadas, muitas vezes, de dentro dos presídios estaduais) que vão desde a prática de assaltos até execuções, episódios que fazem parte de um cotidiano violento que assola a população nos últimos anos. Ou seja, ao atingir o núcleo principal de quadrilhas organizadas, golpeia-se também os crimes praticados por elas. Ganha a população.
— A importância é muito grande. No momento que o crime é alimentado, naqueles seus aspectos mais graves (de lavagem de dinheiro, de assaltos, de tráfico) por facções criminosas que o comandam de dentro do presídio, a transferência dos líderes dessas facções e o isolamento em presídios federais desidrata o comando da facção. E aí é possível que você articule outras medidas, como o combate ao patrimônio dessas facções, a lavagem de dinheiro o desmantelamento delas nas ruas, a partir da inexistência das suas lideranças máximas ou do isolamento dessas lideranças máximas — avaliou Dallazen.
Dallazen lembrou que a ação deflagrada hoje teve seu primeiro momento de êxito em 2017, quando uma megaoperação promoveu transferência de 27 condenados gaúchos para penitenciárias federais. Destes, 15 seguem em instituições federais por atuação importante do Ministério Público, que insiste nas renovações de transferência dos criminosos, mesmo quando, eventualmente, a Justiça decide em sentido contrário.
— Essa estratégia já demonstrou acerto na Operação Pulso Firme e agora com a Operação Império da Lei se dá uma sequência desestruturando aquelas facções novamente, mais uma vez atingindo o seu mais alto comando, para que não se permita que elas se reorganizem. É natural que com algum tempo, outros vão assumindo esses lugares e o Estado precisa estar atento para não permitir a reestruturação dessas facções — concluiu.