Ex-ministro da Agricultura e ícone da ala ruralista, Blairo Maggi se mostrou preocupado com um ponto importante a respeito da repercussão sobre o desmatamento da Amazônia e o crescente número de focos de queimadas na floresta. Trata-se da repercussão econômica mundial a partir da possibilidade de bloqueio comercial por países que condenem a política ambiental adotada no Brasil.
Em férias na França, Blairo conversou com a coluna nesta sexta-feira, em entrevista que foi transmitida durante o programa Timeline, da Rádio Gaúcha. Na conversa, narrou que nos últimos dias chamou a atenção o fato de ter sido abordado por diferentes pessoas fora do país, questionando sobre o que está acontecendo com a Amazônia. Nesta sexta-feira (23), o presidente francês Emmanuel Macron estimou que o presidente Jair Bolsonaro "mentiu" sobre seus compromissos com o meio ambiente e anunciou que, sob essas condições, a França se opõe ao tratado de livre comércio União Europeia e Mercosul.
À coluna, Blairo, que é reconhecido como um dos maiores produtores de soja do mundo, sublinhou que o problema da devastação da Amazônia talvez não esteja mais grave do que em anos anteriores. No entanto, desta vez, ele alerta, há uma percepção maior sobre o imbróglio. Ele avaliou ser urgente uma mudança de postura por parte de autoridades e de empresários, a fim de demonstrar, no discurso e na prática, o compromisso com o meio-ambiente:
— O Brasil vinha nos últimos 20, 30 anos fazendo um discurso e também desenvolvendo ações na prática que demonstravam que estávamos cuidando desse patrimônio da humanidade. Agora, vai demorar tempo (para recuperar). O governo vai ter que se esforçar, novamente, as nossas chancelarias mundo afora. Os produtores, as associações têm que assumir compromissos de que não estão vendendo para fora produtos que sejam oriundos dessas áreas de desmatamento ilegal. É uma questão de reorganizar o discurso não só do governo, mas da área privada também — opinou.
Ele acrescentou a percepção de que o Brasil poderá sofrer prejuízos econômicos em relação às exportações:
— Poderá trazer muitos prejuízos. Eu temo muito, por exemplo, um boicote sobre as coisas que o Brasil vende pra fora. Tipo: carne de frango, suínos, bovinos. Os próprios grãos, que somos um grande país exportador. Nós não somos uma ilha isolada, somos um país que se relaciona com outros países. Que comercializa com outros países e que precisa presrar atenção no caminho que o mundo anda — completou.