Presidente da Fundação Gaya, a ambientalista Lara Lutzenberger, filha de José Lutzenberger, descreveu à coluna seu sentimento ao ver as imagens das queimadas na Amazônia, que se agravaram nos últimos dias e chamaram a atenção do mundo todo: "Estou desesperada".
Lara participou nesta quinta-feira (22) do programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, e disse que jamais imaginou assistir a cenas tão fortes que demonstram a devastação da floresta. Ela fez questão de pontuar que há décadas a Amazônia vem sendo devastada.
— Tenho vontade de chorar com as imagens que a gente vê. Não imaginei que a gente pudesse chegar a tamanho desastre. A Amazônia já é devastada há décadas. Nos anos 1980, meu pai (José Lutzenberger) gravou uma série para a BBC alertando o mundo para o desastre que estava em curso. Ele já naquela época alertava — afirmou.
Lara lembrou da importância da preservação da floresta para a população mundial, no sentido de que a Amazônia serve também como uma espécie de regulador do clima no planeta.
— Ela tem um papel absolutamente fundamental que é o de regulador do clima. Ela é um grande ar condicionado, um grande refrigerador climático — explicou.
Lara ainda se disse perplexa com as declarações de autoridades, entre elas o presidente da República, Jair Bolsonaro, de que os incêndios podem ter sido causados por ONGs que estariam revoltadas com a falta de verbas do governo federal. Ela afirma que a situação é apavorante e que é preciso que os governantes se informem sobre o tema.
Segundo Lara, é necessário unir esforços para que cheguemos a um ponto de "zero queimada" e "zero desmatamento".
— Essa colocação (culpar ONGS) soa tão absurda quanto quando o presidente diz que pra preservar o meio ambiente tem que passar a fazer cocô um dia sim, um dia não. Eu acho absolutamente ridículo. Não posso acreditar nisso. É inconsequente, ridículo.