O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência e homem forte da campanha de Jair Bolsonaro, Gustavo Bebianno, segue incomodado com a forma como foi demitido e afastado do núcleo próximo ao presidente da República. À Rádio Gaúcha, afirmou que seu afastamento foi feito por Bolsonaro, mas a pedido do filho dele, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro. Ele classificou o episódio como "absoluta falta de gratidão".
Em conversa transmitida pelo programa Timeline, Bebianno também reafirmou que Bolsonaro atira em seus soldados pelas costas, numa alusão a pessoas que foram afastadas e que sempre tiveram lealdade ao presidente. Ele citou a demissão do general Santos Cruz, que atuou como ministro da secretaria de Governo e o caso da expulsão do deputado federal Alexandre Frota do PSL na última terça-feira.
— É o maior caso de ingratidão que eu já testemunhei em toda a minha vida. O maior caso que eu já testemunhei. Não só comigo, mas com general Santos Cruz, com o deputado Alexandre Frota e outras pessoas mais também. Tem também o deputado da Paraíba Julian Lemos (PSL). Esse rapaz, eu vi o trabalho que ele fez ao longo de anos, levou flechada lá atrás quando ninguém acreditava em Jair Bolsonaro, fez um trabalho em todo o Nordeste. Esse deputado federal esteve incondicionalmente ao lado do presidente, comeu o pão que o diabo amassou e por conta de uma implicância pessoal do Carlos, filho do presidente, também foi afastado do núcleo duro de decisões. E sofre perseguições hoje em dia. São vários casos que revelam uma absoluta falta de gratidão — avaliou.
O ex-ministro também foi questionado se as decisões de Bolsonaro são influenciadas por pessoas inexperientes ou que não tem dimensão sobre o exercício da Presidência da República. Sobre isso, Bebianno afirmou que o presidente tem pessoas "muito fracas" ao seu redor, mas que ele não é um ser "inimputável".
— O ambiente político é difícil. Mas ele é o presidente da república. Ele não é um ser inimputável, ele esta no gozo e uso das suas faculdades mentais. E deveria ter um pouco mais de discernimento para separar o joio do trigo. As pessoas que tem personalidade são fortes e que ajudam no momento de dificuldades estão sendo afastadas e o presidente começa a ficar com pessoas muito fracas ao seu redor. São pessoas que não tem coragem de fazer críticas construtivas e observações para proteção do próprio presidente da República. A maioria dessas pessoas eu conheci bastante de perto, pessoas que não fizeram nada pela eleição dele e estão lá, ao redor dele. E numa possível turbulência futura vão ser os primeiros a deixar o presidente sozinho — disparou.