Preocupado com o projeto de lei enviado nesta terça-feira (4) pelo governo do presidente Jair Bolsonaro para alterar regras relacionadas ao trânsito e à renovação da carteira de motorista (CNH), o diretor-geral do Detran no Rio Grande do Sul, Ênio Bacci, já tem em mente uma estratégia que buscará reverter alguns dos pontos estabelecidos. À coluna, Bacci confessou que levará a Brasília sua preocupação com a diminuição da segurança nas estradas.
A intenção é conversar com deputados federais que vão compor a comissão especial sobre o tema, a partir dos anos de experiência que acumula enquanto parlamentar em Brasília. Um dos pontos de maior preocupação, admite, é a eliminação de multa para condutores que transportarem crianças sem cadeirinha. A ideia é fazer contato com todos os deputados manifestando essa visão:
— O governo não voltará atrás, mas vamos tentar as mudanças junto aos deputados, para não acabar com algumas coisas como, por exemplo, a cadeirinha, o que pode gerar a morte de diversas crianças inocentes. Além dos alterações nos exames toxicológicos e na pontuação (da CNH). Entendo que não é justo alguém ter uma carteira suspensa porque estacionou mal, ou porque andou numa lombada a 48 km/h. Mas quem está vibrando com isso, o aumento grande de pontos (para suspensão) é somente o mau motorista, pois o bom motorista só quer andar na rodovia com a sua família e protegendo a vida de todos — opinou.
Bacci disse que aguardará a definição dos integrantes da comissão especial para iniciar as conversas com o Legislativo. Ele acredita que o presidente Bolsonaro tem boa intenção ao propor o projeto, mas precisa também levar em consideração a opinião de técnicos que trabalham com o tema.
— Vamos construir um contato com os parlamentares para levar nossa preocupação. Alguns pontos são importantes, como a autonomia do Contran pra regulamentação das bicicletas elétricas. O maior tempo para validade da CNH não é uma unanimidade, mas compreendemos. Compreendemos que o presidente Bolsonaro tem muito boas intenções, mas ele está cercado de técnicos que deveriam ajudá-lo a entender melhor essa questão. Qualquer ação gera uma consequência, que podem gerar milhares de mortes no trânsito — afirmou.
Nesta quarta-feira (5), reportagem de GaúchaZH revelou que se a regra que dobra de 20 para 40 o número de pontos acumulados para um condutor ter a CNH suspensa valesse em 2018, 87% dos motoristas do Rio Grande do Sul, que tiveram processos instaurados para possível suspensão, não responderiam ao procedimento. A alteração consta no projeto de lei enviado nesta terça-feira pelo presidente Jair Bolsonaro à Câmara dos Deputados.