Uma instituição sem comando. Crianças que sofrem com a falta de cuidados e de higiene. Também não há transporte para ir à escola e nem para atendimentos em saúde. Uma situação que já seria triste pela série de elementos elencados. Some-se a isso o fato de as vítimas desta realidade serem crianças e adolescentes que foram levadas a abrigos sob responsabilidade do poder público, ou seja, retiradas de suas famílias por motivos de abandono ou situações de violência. Este é o cenário descrito pela promotora da Infância e da Juventude de Porto Alegre, Cinara Vianna Braga, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira. (20).
— As crianças estão jogadas, não estão indo para a escola por falta de transporte, não estão indo para os atendimentos de saúde. Desorganizou tudo. Já faz um mês que estamos sem presidente da Fundação de Proteção Especial do Estado do Rio Grande do Sul. Houve a troca de governo (a partir de janeiro, com a posse de Eduardo Leite) e infelizmente já faz um mês que o presidente da fundação saiu. Até agora, não tivemos a nomeação do novo presidente — alertou.
Cinara esteve no programa Timeline falar sobre a Corrida pela Adoção, que já tem centenas de inscritos e quer chamar a atenção para quem busca uma família: o Rio Grande do Sul tem 5 mil crianças e adolescentes vivendo em casas de acolhimento. Só na Capital, são 1 mil. Assista ao vídeo publicado pelo Ministério Público e saiba como se inscrever na corrida aqui:
No programa, chamou a atenção o apelo feito pela promotora Cinara Braga ao governador Eduardo Leite (PSDB), específico sobre os abrigos que estão sob responsabilidade do Executivo. Segundo ela, são 20 abrigos deste tipo no Rio Grande do Sul.
— Eu fiz as inspeções de março e vi um declínio enorme em relação a dezembro porque os cargos de coordenação são todos CCs e impressão que tenho é que jogaram a toalha, porque irão sair. Uma situação horrível, de ter que trancar a respiração para tirar fotografia, por conta da falta de higiene. Uma decadência — descreveu.
A promotora disse acreditar que o governo fará alguma coisa neste sentido, mas pediu celeridade.
— Governador Leite, olhe pra Fundação de Proteção Especial. Veja o que está acontecendo. Nos ajude a melhorar a vida das crianças que estão sob nossos cuidados. A família falhou, não vamos nós também falhar — pediu.
A coluna procurou a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, comandada pelo secretário Catarina Paladini, que deve se manifestar ainda hoje sobre o assunto.