Em mais uma trapalhada do governo Bolsonaro em sua relação com o Congresso, deputados aprovaram a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que deverá prestar explicações nesta quarta-feira (15) no plenário da Câmara dos Deputados. Sorte a nossa. Abraham precisa dar explicações. O novo ministro, que substituiu o não menos confuso Ricardo Vélez Rodriguez, tem se esforçado nos últimos dias para dizer que os cortes que serão aplicados em universidades federais não tem a ver com "balbúrdia" ou "gente pelada", como chegou a justificar em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, mas sim com um contingenciamento nas verbas determinado em todo o governo federal.
De fato, com uma crise aguda que recai sobre as contas públicas, o ministro pode ter razão quando diz que é preciso fazer uma avaliação honesta — neste caso, sem paixões ideológicas — sobre as despesas de cada ministério. Em entrevista à Rádio Jovem Pan (assista abaixo), Weintraub explicou que é previsão legal adequar despesas e receitas previstas no orçamento (enviado ainda no governo Temer) quando a arrecadação descrita no documento não se materializa. Portanto, neste sentido, apenas estaria cumprindo-se a lei.
Aliás, ao diferenciar os temos corte e contingenciamento — sendo este último passível de uma revisão caso receitas se confirmem — o ministro também faz um esclarecimento importante quanto a uma área absolutamente sensível para o desenvolvimento do país.
Ocorre que ao sugerir que o corte (ou contingenciamento) tem a ver com "gente pelada", o próprio ministro torna-se responsável por "grenalizar", para usar uma expressão bem nossa, um debate profundo e necessário para a nação. Tem razão a ex-reitora da UFRGS, Wrana Panizzi, ao sublinhar que "não se constroem grupos de pesquisa pelo Twitter ou WhatsApp" e, sendo assim, o país "corre um perigo muito grande". "A resposta do governo não só para a universidade, mas para a sociedade como um todo, tem sido de mais cortes e restrições", diz Wrana em artigo publicado hoje em Zero Hora.
É por essas e outras que o ministro da Educação tem, sim, muito a explicar nesta quarta-feira.