A polêmica envolvendo as declarações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre o que chamou de "balbúrdia" promovida em universidades federais está longe de ser encerrada. Depois de o ministro confirmar o corte de 30% no orçamento das instituições, ele foi ao Twitter criticar os reitores dessas instituições, isso na manhã de quarta-feira (1). Para o titular do MEC, os dirigentes são "intolerantes". Somente mais tarde, Weintraub creditaria o contingenciamento de verbas das universidades à política do governo Jair Bolsonaro, que busca reforçar investimentos na educação básica.
Na terça-feira, conversamos com o reitor da UFRGS, Rui Vicente Oppermann, no programa Timeline, da Rádio Gaúcha, quando apenas se sabia que os cortes estariam relacionados à chamada "balbúrdia". Na ocasião, não havia um detalhamento sobre o fato de o corte atingir todas as universidades, mas a UFRGS já trabalhava com um contingenciamento imposto de 25%, conforme o reitor.
Na conversa, Oppermann reagiu às declarações do ministro, defendeu as universidades como "espaço público necessário de formação do cidadão" e deu um conselho certeiro a Weintraub: visitar as universidades pelo país.
— É importante sair para o campus, procurar, ver. Não ficar se pautando por vídeos e informações que muitas vezes tem vieses que não são adequados — avaliou.
Ao complementar sua visão, o reitor Rui Vicente Oppermann fez questão de expressar sua opinião a respeito do papel do ambiente universitário. Ele define a universidade como um espaço público necessário para formação do cidadão. Assim, conforme a avaliação de Oppermann, é necessário assegurar a liberdade de expressão para promover "cidadania" e não "doutrinação ideológica".
— Nós não temos maneira nenhuma de persistir como universidade se nós começarmos a tolher a expressão. Agora é lógico que isso vale para todo mundo, desde a extrema esquerda até a extrema direita. Nós temos representantes políticos que se formaram aqui na Universidade e que hoje são representantes políticos da extrema direita, assim como temos da extrema esquerda. E isso é uma comprovação de que o ambiente é um ambiente de formação de cidadania e não de doutrinação ideológica.