O ex-deputado federal pelo RS e vice-líder do governo Michel Temer, Mauro Pereira, falou nesta quinta-feira (21) sobre a prisão do ex-presidente e mudou a postura que adotava até o fim do ano passado.
Na Rádio Gaúcha, o caxiense, que ficou marcado por ser um dos deputados que blindavam Temer no Congresso, afirmou que o Brasil está sendo passado a limpo e que ninguém está acima da lei. Na época em que as denúncias contra o político do MDB tramitaram na Câmara, ele foi um dos que negociaram para que as investigações não fossem adiante.
Agora, Mauro Pereira sustenta que, na verdade, as denúncias não foram barradas. Ele justifica que, na ocasião da análise pela Câmara dos Deputados, o Brasil vivia um momento delicado na economia e que era preciso primeiro resolver os problemas do país. Segundo ele, o processo não foi arquivado ou terminado, mas apenas ficou em stand-by. Agora, Mauro Pereira afirma que sempre apoiou a Justiça e a Lava-Jato.
— Quem deve vai pagar pelo que fez. Disso não tenho dúvida nenhuma. E não é só ele. Tem outros inquéritos, tem outras pessoas, tem outras autoridades que no passado, nos últimos 20 anos, as coisas aconteceram e ninguém fazia nada. Só a Lava-Jato nos últimos cinco anos que vem trabalhando no combate à corrupção — afirmou o deputado.
Na época em que uma das denúncias foi barrada na Câmara, Mauro Pereira chegou a dizer no plenário que “o PT acabou com o Brasil e vocês estão querendo tirar um presidente honesto, trabalhador”. Questionado sobre a mudança de discurso na entrevista de hoje, afirmou:
— Nunca votei no Temer, nunca votei no Lula, nunca votei na Dilma. Estava falando daquele momento.
A prisão de Michel Temer, entretanto, não está diretamente relacionada com o caso da JBS, que levou a Câmara dos Deputados a derrubar duas denúncias contra ele. A operação foi chamada de Descontaminação e é um desdobramento das Operação Radioatividade, Pripyat e Irmandade. A ação investiga desvios nas obras da Usina de Angra 3 e tem como base delação do empresário José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, que corroborou com delação feita pelo doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do MDB.