Um prédio de mais de 160 anos — guardião de muitas memórias — foi restaurado e está prestes a reabrir ao público, em Pelotas. É o Museu da Baronesa, residência erguida em 1863 na antiga Chácara dos Barões de Três Serros, no bairro do Areal.
A notícia é ótima para a retomada do turismo no Rio Grande do Sul e, mais do que isso: é um exemplo de cuidado com o patrimônio histórico. Merece ser saudada.
A propriedade foi doada ao município em 1978, com uma série estruturas. Entre elas, há um castelinho, uma casa de banho, um chafariz, um jardim francês e um inglês e canais com pontes e lagos. Resumindo: é uma joia.
Virou museu em 1982 e guarda centenas de relíquias, como vestimentas, louças, quadros e mobílias que retratam os costumes do Brasil oitocentista. O ponto alto é o acervo têxtil, composto principalmente por trajes de festa da época, resguardados para pesquisa.
Há também vestes militares, sacras, trajes de crianças e vestidos de noiva, entre outras peças, que representam o modo como as pessoas se vestiam no século 19.
Tudo isso, a partir de agora, ficará melhor preservado.
Elaborado pela equipe técnica da Secretaria Municipal de Cultura, o projeto de recuperação venceu um edital federal e recebeu R$ 1,5 milhão do Ministério da Justiça, via Caixa Federal, por meio do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.
A obra, que incluiu melhorias do piso ao telhado, durou cerca de dois anos e foi entregue no último fim de semana pela prefeita Paula Mascarenhas, que nos próximos dias assume nova função no governo do Estado.
— É um museu muito especial, em um lugar lindo, um parque belíssimo. Foi uma obra complexa e delicada e estamos muito felizes com o resultado — diz Paula.
— Foi a melhor coisa que aconteceu. É muito gratificante poder entregar o museu renovado — complementa Fabiane Rodrigues Moraes, diretora da instituição.
A expectativa é de que a casa reabra à visitação em cerca de 30 ou 40 dias, assim que todo o acervo estiver em seu lugar. Se passar por Pelotas a partir de fevereiro, já sabe: não deixe de conhecer. Aproveite para visitar também as antigas charqueadas preservadas na região, como a São João e a Santa Rita.
O parque
O museu fica dentro de um parque municipal, que também recebeu melhorias, com a inauguração de uma nova área esportiva, instalada com apoio do governo do Estado.
Por que o museu leva o nome da baronesa e não do barão?
A história é a seguinte:
No fim do século 19, o coronel Anibal Antunes Maciel deu o casarão adornado com luxos imperiais de presente de casamento ao filho Aníbal Antunes Maciel, que se apaixonou pela carioca Amélia Hartley Brito. A mesura convenceu Amélia a deixar a Corte, no Rio, e se mudar para Pelotas.
Anos depois, por alforriar homens e mulheres escravizados antes da abolição, Aníbal receberia do imperador Dom Pedro II o título de “Barão dos Três Serros”. Dona Amélia passaria a ser chamada de baronesa.
Reza a lenda, contudo, que foi Sinhá Amelinha, filha do casal, a responsável por tornar o lugar conhecido pelo nome de "Solar da Baronesa". Depois que o pai morreu e a mãe voltou ao Rio de Janeiro, ela seguiu vivendo no local.
Tanto Sinhá quanto Amélia eram benquistas na comunidade, devido ao trabalho filantrópico que realizavam. Sinhá inclusive levou a Cruz Vermelha para Pelotas.