Pronto. Era o que faltava. Cientistas encontraram microplástico no cérebro humano. Já se sabia que o material estava por todos os lados: na água, no ar, no solo, nos alimentos. Até na placenta dos bebês e no leite materno. Agora isso, e por culpa nossa — não só de quem produz, mas de uma sociedade que consome plástico como se não houvesse amanhã sem nenhuma preocupação sobre os resíduos.
Recém-publicada, a pesquisa conduzida pela USP e pela Universidade Livre de Berlim esquadrinhou a massa cinzenta de 15 cadáveres (paulistanos, com causa da morte ligada a doenças no pulmão e no coração). “Deu match” em oito deles.
Tudo indica que os fragmentos entraram pelas vias nasais. Estamos respirando essas nanopartículas e nem sequer percebemos.
O impacto no organismo ainda é desconhecido. Seja como for, boa coisa não há de ser. A pergunta é: como viver sem tanta dependência dos derivados de polipropileno, polietileno e outros “enos”, usados em roupas, embalagens de alimentos e garrafas? Eu não tenho a resposta, só sei que o uso exacerbado dos plásticos já está, de alguma forma, alterando a natureza.
Não por acaso, o tal estudo foi apoiado pela Plastic Soup Foundation, ONG holandesa que atua na luta contra a poluição plástica. O grupo trabalha para assegurar que o Tratado Global de Plásticos da ONU aborde os impactos na saúde humana. Pelo menos, alguém está pensando nisso.