Eles estão por todos os lados: na água, no ar e nos alimentos. Frações de microplástico já foram detectadas por cientistas nos extremos do planeta - dos alpes suíços às fossas oceânicas -, no sangue humano e, recentemente, até no leite materno. E agora?
Conversei sobre o tema com o oceanógrafo e professor do curso de Biologia Marinha da UFRGS no Litoral Norte, Gerson Fernandino. O pesquisador explica: microplásticos são fragmentos plásticos com menos de cinco milímetros e estão entre nós em volume cada vez maior. São fruto da poluição e da má gestão de resíduos.
Existem dois tipos: os primários, que já saem desse tamanho da indústria e acabam no meio ambiente, e os secundários, que surgem a partir da degradação de itens maiores. Sabe aquela sacola de supermercado esquecida na beira da praia, que começa a ficar quebradiça pela ação do sol? Pois é…
Em geral, a origem do problema é o lixo que vai parar nos rios e mares, onde é ingerido por peixes dos quais nos alimentamos. Há variedades tão pequenas dessas substâncias (chamadas de nanoplásticos) que acabam se espalhando com o vento, por isso a difusão é tão ampla.
Estudos em andamento sobre o impacto dessas partículas na nossa saúde já indicam possíveis riscos. Mas ainda há o que fazer?
Embora o estrago já esteja feito, frear esse processo passa por reduzir a disseminação. Isso inclui consumir de forma mais sustentável e separar o lixo em casa, além de cobrar das prefeituras a destinação correta desses resíduos e o uso de materiais menos danosos nas fábricas.
— Não tem bala de prata. O descarte precisa ser consciente, mas as indústrias e o poder público também têm de agir. Não temos mais tempo a perder — alerta o professor.
Reciclagem
Ampliar a reciclagem é um bom começo para conter a difusão dos microplásticos. E isso vale também para materiais como vidro, papel seco e metal. Exemplos: embalagens longa-vida, canos e tubos, copos descartáveis, garrafas pet, latas, raio-x, isopor, etc.
Coleta seletiva
É importante buscar informações sobre a separação de lixo no seu município. Na Capital, por exemplo, a coleta seletiva se dá em todas as ruas que comportam a entrada de caminhões e ao menos duas vezes por semana. O material vai para unidades de triagem e depois é revendido (saiba mais aqui). O sistema ainda pode melhorar, é evidente, mas já gera emprego e renda e beneficia o meio ambiente. Cada um de nós pode fazer a sua parte.