Onze anos depois da tragédia que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos em Santa Maria, a ratoeira chamada boate Kiss (ou o que restou dela) finalmente começou a ser demolida nesta quarta-feira (10) para a construção de um memorial em homenagem às vítimas. É simbólico, porque representa um alento em meio a tantas notícias ruins, mas não é suficiente.
Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) não tomar uma decisão definitiva sobre a anulação do júri da Kiss, familiares e sobreviventes não terão forças para virar a página. É possível que isso nunca aconteça, mas eles merecem justiça. No mínimo.
Muitas vezes, nesses 11 anos, estive diante do prédio da Kiss, como repórter e colunista de Zero Hora e Rádio Gaúcha. Estive lá desde 27 de janeiro de 2013 e jamais esqueci. Passar pelo local sempre foi pesado, difícil e doloroso. Não deixará de ser agora, mas o memorial é bem-vindo.
Haverá uma estrutura com 242 pilares, cada um deles com o nome de um dos mortos. O local também terá jardins, auditório e sala para exposições de arte. Servirá de sede para a Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia, entidade que merece respeito e acolhimento.
Não pude estar lá pessoalmente, na manhã chuvosa e fria desta quarta-feira (10), quando começou a demolição, mas estive em pensamento. O drama das famílias segue comovendo. A ferida não sarou. O imbróglio jurídico da tragédia precisa ter fim, e que ele venha antes da conclusão do memorial.