Assistir à solenidade de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, nesta sexta-feira (26), foi mais do que celebrar o esporte e testemunhar um grande evento público. Foi um bálsamo para quem acredita nos valores inegociáveis da cultura ocidental e no que chamamos de democracia.
Com uma cerimônia inclusiva, feminista e libertária (em todos os sentidos), a França fez jus ao lema "liberté, égalité, fraternité".
Liberdade, igualdade e fraternidade estiveram presentes o tempo todo, em um recado claro ao mundo, duas semanas depois de a extrema direita ter sido derrotada nas urnas do país.
Isso ficou evidente no roteiro, desde a escolha dos protagonistas, priorizando e valorizando a diversidade (com gente de todas cores e orientações sexuais), até o destaque dado às mulheres.
Foi de uma soprano negra, afinal, a voz escalada para entoar a Marseillaise, o belíssimo hino francês. Isso sem falar da escolha da cantora franco-malinesa Aya Nakamura para estrelar um número artístico ao lado de uma banda militar, o que deve ter deixado Marine Le Pen e companhia "de cabelos em pé" — tanto quanto o espaço dado ao primeiro bailarino preto da história da Ópera de Paris e as referências a refugiados, pessoas com deficiência e à população LGBT+.
Mais do que qualquer coisa, as diferenças foram respeitadas e exaltadas. E até Imagine, o hino da paz eternizado na voz de John Lennon, teve espaço.
É verdade que os jogos recém-começaram e que ainda tem muito pela frente, mas Paris já está merecendo a medalha de ouro.