A imagem tradicional dos sebos, com grandes prateleiras de madeira repletas de livros clássicos, raros e únicos, foi substituída por lama e destruição em Porto Alegre. Estabelecimentos localizados na Rua dos Andradas, no Centro Histórico, sofreram com a inundação e passam por uma reconstrução para voltar a operar.
A unidade da Rua da Praia do Sebo Só Ler perdeu mais da metade dos livros, HQs e mangás por causa da água, conta Sabrina Nekel, gerente do estabelecimento. Para recompor o acervo, o local está aceitando doações de livros de literatura em geral. Os pontos de coleta são outras lojas da empresa: a da Rua Senhor dos Passos, também no Centro Histórico, que não foi atingida pela inundação e funciona das 9h às 17h, e as localizadas em Canoas e em São Leopoldo.
— A previsão de abertura da loja é daqui uns 15 ou 20 dias. Vamos ter de reformar as prateleiras de madeira, porque, pelo tempo que elas ficaram embaixo da água, teve infiltração, elas estão úmidas e algumas podres ou mofadas — explica.
No Sebo Café Riachuelo, também na Andradas, cerca de 50 centímetros de água tomaram a loja, conta Leona Nunes, dona do estabelecimento. A empresa está realizando uma rifa para angariar fundos, sorteando um exemplar autografado do livro Porta Giratória, de Mário Quintana. O resultado sai em 20 de junho e os números podem ser adquiridos pelo Instagram oficial do sebo (@_sebocaferiachuelo_).
No Sebo Café Riachuelo, com os avisos de uma possível inundação no início de maio, os livros foram erguidos para locais mais altos e poucos acabaram afetados pela água. O prejuízo material é principalmente de móveis, prateleiras e portas.
— A maior perda, que não temos como comparar, é todo esse mês perdido, sem trabalhar. Tivemos gastos com aluguel, luz, funcionários, contador, todas as contas. Já foram 30 dias. O prejuízo quanto a isso vai ser muito grande, eu calculo por cima uns R$ 150 mil — lamenta Leona.
A empresa tem outra sede, na Rua Riachuelo, que está funcionando e não foi afetada diretamente pela água. No entanto, foram 20 dias sem poder abrir por causa da falta de energia elétrica e, após a abertura, o movimento é baixo.
*Produção: Maria Clara Centeno