Neste sábado (29) e domingo (30), a Feira Naturebas vai reunir 3 mil rótulos de mais de 170 produtores de vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos no Pavilhão da Bienal, em São Paulo. Entre eles, estarão as "pét-nats" (nome que deriva de pétillant naturel, “borbulhante natural”, em francês) da Cantina Mincarone, de Porto Alegre, conhecida por fazer arte na garrafa.
Dessa vez, a ideia foi além: os produtos que serão expostos em um ponto exclusivo na feira se transformaram em telas nas mãos de um timaço de artistas gaúchos, incluindo nomes diretamente atingidos pela enchente, como Celo Pax, Ana Scarceli e Leandro Alves.
A ação faz parte do Movimento #SocialSul, uma corrente independente, solidária e voluntária criada para ajudar a classe artística do grafite, muito afetada pela crise climática.
— Decidi apoiar o movimento doando garrafas e canetas aos artistas para que eles pintassem os rótulos. Tudo o que for vendido será revertido aos atingidos — diz Caio Mincarone, à frente da cantina, ao lado da mãe, Ana Maria.
Para saber mais detalhes (e apoiar comprando), é só seguir @cantina_mincarone no Instagram.
Sobre a Cantina Mincarone
A cantina já foi tema de reportagem na coluna, em fevereiro de 2023, quando contei a história da família e destaquei o trabalho feito por Caio Mincarone em suas garrafas. Ele próprio pinta, artesanalmente, cada um dos rótulos.
Com canetas especiais, o vinhateiro artista (também fotógrafo) desenha linhas e cria formas que lembram a escola surrealista do espanhol Joan Miró. Já pintou centenas de rótulos. E segue pintando. Cada garrafa é diferente, na forma (em desenhos e também fotografias autorais) e no conteúdo.
A onda pét-nat
Parece novidade, mas esse espumante que vem conquistando apreciadores no mundo do vinho, na verdade, é o que se poderia definir como um resgate do passado.
Pét-nat é a abreviatura de pétillant naturel, algo como “borbulhante natural”, em francês. Trata-se de um método ancestral de produção (criado por monges), que, com o passar do tempo, perdeu espaço à medida que a indústria vitivinícola se desenvolveu.
O método envolve apenas uma fermentação, que termina dentro da própria garrafa (os métodos tradicionais envolvem dois tipos de fermentação, em tanques e na garrafa).
No caso das pét-nats, a internveção é a menor possível. A ideia é que as próprias leveduras que ficam no vidro, façam o papel de conservantes naturais.
É uma bebida mais turva do que a maioria e com menor teor de álcool. Outra curiosidade é que a pét-nat leva tampa metálica no lugar da rolha de cortiça.
Experimentar essa bebida é sempre uma surpresa, porque dificilmente uma será igual à outra, ainda que sejam do mesmo rótulo.