Existem muitas maneiras de combater o descarte irregular de lixo em terrenos baldios. Uma delas é destinar mão de obra, equipamentos e dinheiro para limpezas constantes e sem fim. Outra, mais difícil, é mudar a mentalidade das pessoas.
Em parceira com a Emater, o 18º Batalhão de Infantaria Motorizado, instituições de ensino e moradores locais, a prefeitura de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, decidiu apostar na segunda alternativa, criando hortas comunitárias urbanas onde antes havia lixões a céu aberto. Já são 24 espaços do tipo na periferia da cidade, e o 25ª deve ser inaugurado em maio.
Quando vi as imagens acima, parei tudo o que estava fazendo para saber mais sobre o projeto (e contar para você).
As fotos são no bairro Vargas, em frente a um posto de saúde, veja só. Por anos, a área foi um depósito de resíduos — de sofás a colchões velhos e o que mais se puder imaginar. A primeira fotografia da galeria mostra o local já transformado em horta. Na segunda, dá ter uma ideia de como era antes, repleto de sujeira. Nas demais imagens, fica clara a evolução.
— Está dando certo. No total, já temos mais de 180 famílias beneficiadas pelo projeto, e nenhuma horta se degradou. Aquele morador que jogava lixo nesses locais, agora come a alface cultivada lá e coloca os resíduos no lugar certo. É uma mudança de cultura — comemora o prefeito Volmir Rodrigues, destacando o trabalho dos servidores das secretarias de Obras e Desenvolvimento Econômico e do Centro de Referência de Assistência Social (Cras).
Sabe como é o nome do programa? Do Lixo ao Luxo. Sou suspeita para falar, porque também cultivo uma horta orgânica no meu sítio, mas não é de fato "luxuoso" poder plantar e comer o próprio alimento, sabendo exatamente de onde vem?
Como funciona
A prefeitura identifica terrenos baldios onde o lixo é um problema e avalia se a comunidade deseja a horta coletiva — sem parceria, não tem como funcionar. Se a resposta for “sim”, o local é preparado com o apoio de secretarias municipais e do Exército (que inclusive monta a cerca, com postes doados pela empresa Mercúrio).
Depois, a Emater dá as orientações técnicas necessárias e faz o acompanhamento. Cada família assume um canteiro e pode plantar para consumo próprio ou para vender. A terra boa para iniciar a produção e as primeiras mudas são doados pela prefeitura, depois, os moradores dão continuidade.
As hortas comunitárias também estão presentes em instituições de ensino no município. Como nas demais, são cultivados legumes, verduras, chás e temperos. Alguém aí pode dizer que isso “não é novidade”. De fato, já existem iniciativas semelhantes no Estado. E que bom. Quanto mais e maior a união de forças e organização, melhor.