Ela é uma força da natureza. Geny Mascarello venceu a Maratona de Porto Alegre sete vezes - em 1984, 1985, 1986, 1988, 1989, 1992 e 1993 - e segue correndo como nunca, contra os preconceitos do mundo. Em 2024, ela celebra quatro décadas desde a primeira vitória e 70 anos de vida. E sabe do que mais? Geny prepara-se para disputar, mais uma vez, a prova na qual fez história.
Quando digo isso, não exagero: ela não só foi uma das precursoras da corrida feminina no Estado como manteve até 2023 o melhor tempo da sua categoria na Capital - o recorde foi quebrado por Marlei Willers somente no ano passado. Geny é tão importante que virou até nome de troféu.
— Escrevi uma história muito bonita, da qual me orgulho demais. Fui pioneira no Rio Grande do Sul. Abri caminho para outras mulheres, num tempo em que apenas os homens eram premiados. Hoje, elas são maioria no esporte — diz Geny, de peito estufado.
A agente comunitária de saúde (ela atua na Estratégia de Saúde da Família do bairro Jardim Floresta) começou a correr aos 26 anos, em 1982, de forma despretensiosa, por incentivo da família. Nunca tinha feito esporte na vida (e corria de sandálias Melissa!). Um dia, viu uma maratona de Nova York na TV e pensou:
— Quero esta experiência!
Dois anos depois, chegou ao primeiro pódio porto-alegrense. A partir dali, as conquistas se multiplicaram. E sim: ela correu na Big Apple (duas vezes!) em 1993 e 1995. Realizou o sonho em dobro.
Para quem acredita, afinal, nada é impossível. Quando a gente conversa com Geny, é exatamente isso o que sente. Ela segue treinando na Sogipa, sem dar ouvidos a quem acha que a vida termina depois dos 60. Para ela, a brincadeira está só começando.