Basta uma caminhada pelas ruas de Porto Alegre para deparar com podas que mais parecem atentados às árvores e à estética da cidade. As equipes fazem o que podem. O problema não são as plantas. São os emaranhados de fios suspensos. Como suportamos isso por tanto tempo?
O debate em torno de ações preventivas aos efeitos das mudanças climáticas - em especial, a falta de luz nos temporais - está caminhando na direção errada.
O que precisamos é de um plano consistente das concessionárias de energia, em parceria com as empresas de telefonia e internet e o poder público, para dar início ao enterro dos fios. Enterro mesmo. Sepultamento.
A retirada dos cabos soltos e sem serventia, que de 2023 para cá finalmente despertou a atenção das autoridades, é um passo importante. Mas não basta.
Todos dizem, agora, que “as árvores não são as culpadas”, mas, dadas as circunstâncias, elas acabam sendo expostas a podas drásticas para preservar… fios! E continuará assim, se nada mudar. E o pior: não será suficiente.
É evidente que as plantas precisam de manejo, mas isso não deveria ser condicionado à fiação. Há podas tão radicais que acabam comprometendo as espécies e tornando-as mais frágeis às tempestades.
Todos sabemos que transferir os fios para o subsolo não é fácil e muito menos barato. Mas é preciso começar. Os eventos extremos serão cada vez mais frequentes. Onde está o plano?