Promover passeatas e abraçar árvores? Coisa do passado. Cada vez mais, ativistas ambientais têm direcionado a mira contra obras de arte, em ataques que vêm se multiplicando desde 2022.
A última ação foi na National Gallery, em Londres, nesta semana, onde dois manifestantes desferiram marteladas (dá para acreditar?) contra uma tela do século 17, quebrando a película protetora da obra, assinada pelo espanhol Diego Velázquez.
A dupla - que acabou presa, é claro - faz parte de um movimento chamado Just Stop Oil, que surgiu no Reino Unido para exigir o fim dos combustíveis fósseis. Essa turma já aprontou de tudo: em pouco mais de um ano, atirou torta na Monalisa, de Da Vinci, jogou sopa de tomate nos famosos girassóis de Van Gogh e arremessou tinta preta numa tela de Gustav Klimt. Fora o resto - já teve até manifestante que colou as mãos em quadros raros.
Quem defende esse tipo de ação argumenta que as obras não são danificadas, porque têm camadas de segurança. O que vale, portanto, é gerar imagens chocantes, que circulem nos veículos de comunicação e viralizem nas redes sociais, chamando a atenção para a causa por trás dos ataques.
Sim, são protestos midiáticos, tanto que estou aqui, escrevendo sobre isso, em um site de notícias. As manifestações envolvem um tema urgente, que de fato precisa ser debatido pela sociedade - afinal, de nada adianta ter obras de arte intactas, se o planeta implodir.
Mas não dá para negar que os protestos são, sim, tentativas de vandalismo, e o pior: com resultados questionáveis. Os efeitos, na prática, têm sido nulos. Ou por acaso alguém parou de explorar petróleo por conta dessas ações, com jeito de birra adolescente? Isso sem falar que o meio artístico é, de modo geral, sensível à causa e tem contribuído para disseminar a discussão, com obras de impacto.
Se a intenção é atrair a atenção do planeta, as pessoas já estão falando da crise ambiental. O negacionismo climático está em xeque. O que precisamos, agora, é pular para a próxima etapa, que é buscar soluções. Posso estar errada, mas não é dando marteladas em um quadro bilionário que vamos encontrá-las.