Eles têm razão. Amigos que nasceram algumas décadas antes de mim não se conformam com essa história de chamar de “idoso” quem faz 60 anos. O conceito mudou. Até mesmo o ato de envelhecer se transformou. E o Rio Grande do Sul, como você já sabe pelos resultados do censo, assumiu a dianteira nesse processo, com o maior percentual de cabeças brancas (ou tingidas) do país.
Nunca se falou tanto disso. Se você está nas redes sociais, é possível que já os tenha visto: há uma legião de influenciadores digitais que conquistaram milhares de seguidores falando sobre envelhecimento, mas de um jeito diferente. É gente que critica os estereótipos ultrapassados que teimam em resistir.
Quem disse que alguém, apenas por cruzar a linha dos 60 anos, não pode mais namorar, estudar, aprender uma nova língua, realizar sonhos, tentar uma carreira ou viajar pelo mundo? Onde está escrito que se aposentar é desistir da vida?
“Velho” não deveria ser um termo pejorativo, mas virou palavrão - como escreveu o Nílson Souza, “expressa algo ou alguém que já não serve mais”. É no mínimo um disparate, quando se sabe, segundo as projeções, que a turma dos 60+ vai representar 30% da população mundial em 2050 - aqui no Estado eles já são mais de 20%. Os incautos seguirão disseminando preconceitos descabidos por aí?
Envelhecer, avisa a doutora Margareth Dalcolmo, “merece mais do que respeito”.
É preciso mudar um monte de coisas, desde repensar as cidades e a estrutura de saúde até engrenar uma mudança de cultura. E não adianta se definir como “age-friendly” (mais um desses termos em inglês que os brazucas adoram porque parece mais “cool”) se for só para bonito. Se tudo der certo, todo mundo vai passar dos 60 um dia.