Acompanhei, desde o início, como repórter, a tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, e a agonia dos familiares de vítimas e dos sobreviventes. Sigo acompanhando, com o coração partido, o imbróglio judicial em que se transformou o caso. É um vaivém jurídico sem fim, que prorroga o sofrimento de quem já não suporta mais esperar por um desfecho. Seja ele qual for.
Em resumo, a situação é a seguinte: em dezembro de 2021, o júri condenou quatro réus pelo incêndio, mas a decisão acabou sendo anulada no Tribunal de Justiça. Em junho deste ano, o STJ se debruçou sobre o assunto, mas a análise do recurso acabou suspensa, para a frustração (mais uma) de quem deveria ser prioridade. O relator do processo, ministro Rogerio Schietti Cruz, votou pelo restabelecimento da decisão do júri. Agora, faltam os demais ministros.
Muita gente não quer mais lembrar disso, e você pode até clicar em outro texto para não ler isso, mas é impossível esquecer: 242 pessoas morreram na madrugada de 27 de janeiro de 2013 e 636 ficaram feridas, algumas com sequelas até hoje. Muitas jamais se recuperaram, a maioria jovens com a vida toda pela frente.
Se um caso como esse não merece agilidade máxima da Justiça, que caso merece?
Isso vale para quem perdeu um filho na boate e vale, também, para os réus, que igualmente vivem em uma espécie de limbo interminável. Isso não é bom para ninguém.
Qualquer que seja a decisão final do STJ, é certo que jamais aplacará o sofrimento de quem foi marcado pela tragédia, mas a espera precisa terminar. Que hoje, ao menos, se decida se o júri valeu ou não.