Um grupo de voluntários especializados no atendimento humanitário de crianças vítimas de tragédias acaba de chegar ao Vale do Taquari, onde 47 pessoas morreram em razão das enchentes e cidades inteiras foram engolidas pela água.
Eles são integrantes da Associação da Pedagogia de Emergência no Brasil. Já estiveram em catástrofes como as de Brumadinho (MG) e Petrópolis (RJ) e devem permanecer pelo menos um mês na região.
Conversei na manhã desta quinta-feira (14) com o presidente da entidade, o assistente social paulista William Boudakian de Oliveira, um dos coordenadores da equipe, que conta com o apoio da Secretaria Estadual de Educação.
Com base em Lajeado, os voluntários irão atuar em diferentes municípios, onde montarão o que definem como "espaços seguros" para a infância. Nesses locais, eles farão uma série de atividades, como jogos, brincadeiras, rodas cantadas, trabalhos manuais, tudo com um propósito bem definido: ajudar os pequenos a recuperarem a confiança após a tragédia. O objetivo é reforçar a atenção psicossocial já oferecida por agentes municipais e estaduais e, também, treinar educadores locais.
A Pedagogia de Emergência surgiu em 2006, por iniciativa do professor alemão Bernd Ruf, especializado no trabalho com crianças com deficiência e ligado à escola Waldorf (que valoriza não só o ensino de conteúdos, mas também de habilidades sociais, motoras, cognitivas e emocionais). Ruf esteve no Líbano em meio à guerra para acompanhar o repatriamento de 21 jovens libaneses. Ali, ficou chocado com a situação de crianças locais, traumatizadas pelo conflito, e decidiu agir, buscando referências na psicologia e na pedagogia.
Desde então, a associação fundada por ele ganhou ramificações em diferentes países, fazendo a diferença em áreas atingidas por catástrofes e conflitos. Por meio de atividades lúdicas, os voluntários agem para confortar os pequenos.
— É um trabalho de prevenção, para que elas não adoeçam em razão do choque que sofreram. Não basta tratar as feridas físicas, é fundamental cuidar do lado emocional. E os pais também precisam desse apoio, para que possam fazer a limpeza e reconstruir o que foi perdido. Nossa ideia é ter equipes por pelo menos três dias em cada lugar e atuar em cinco ou seis cidades — diz William.
O Rio Grande do Sul agradece.