O movimento artístico que, nos últimos meses, vem transformando as ruas de Porto Alegre em galerias de arte a céu aberto não se restringe aos bairros centrais da cidade. E que bom que é assim.
Transformado em espaço de música e de projetos sociais após anos de luta, um prédio até então abandonado, que um dia chegou a ser posto da Brigada Militar, hoje reluz múltiplas cores (veja as imagens). Mais do que beleza em uma área maltratada pelas mazelas da desigualdade social, a iniciativa ajuda a criar um sentimento maior, de pertencimento e de autoestima na comunidade.
Abraçada pelos moradores, a Casa do Hip Hop Rubem Berta - uma das regiões mais populosas da Capital, junto à Cohab, na Zona Norte - exibe, desde abril, grafites com as faces de Nelson Mandela, Elza Soares e do rapper Sabotage.
— Estamos muito felizes, porque esse espaço, antes, estava abandonado. Era degradado e inseguro. Agora, não. É motivo de orgulho. E é mais do que um espaço de entretenimento. Teremos aulas de inglês e cursos para as provas do EJA (Educação para Jovens e Adultos) ali — diz Leandro Seré, o Tiry, cantor de rap, produtor, ativista cultural e um dos idealizadores do projeto.
A obra, que pode ser vista de longe na região, foi produzida pelos artistas Erick Citron, Ana Scarceli e Leandro Alves, do coletivo Becos. O trabalho durou uma semana.
— Fazer parte disso é demais, porque esse local tem um significado importante para quem vive na região. É, também, uma forma de manter a juventude longe das drogas e da criminalidade — destaca Citron.
Uma ação como essa, que pode parecer distante de muitos de nós, no fundo, tem potencial para beneficiar - direta ou indiretamente - a cidade como um todo.