Um projeto em andamento em Buenos Aires promete dar novas feições a 48 quadras da capital argentina - e bem que poderia servir de inspiração para algumas cidades no Rio Grande do Sul.
Chamado de "Calles Verdes" (ou "Ruas Verdes"), o plano do Ministério de Espaço Público e Higiene Urbana envolve o conceito de “despavimentação”. É um termo que, para muitos de nós, pode soar inusitado (em especial, porque ainda temos municípios à espera de acessos asfálticos). Apesar disso, faz cada vez mais sentido em grandes metrópoles.
No caso de Buenos Aires, a meta é alterar pontos específicos em 17 ruas do território porteño, retirando parte do concreto para plantar árvores e outros tipos de vegetação, além de instalar bancos e abrir novas áreas para pedestres.
Com a aposta no verde e nos calçadões, os técnicos esperam reduzir a poluição, neutralizar as “ilhas de calor”, criar superfícies mais absorventes e estimular novos usos para áreas públicas, entre outros objetivos.
Nas imagens acima, a título de exemplo, é possível ver o “antes” e “depois” em duas vias: a Avenida Emilio Castro e a Rua Gáscon, que ficam em áreas próximas à região central. Ali dá para visualizar bem a transformação em curso.
Parte das obras começou em 2022. No início, houve resistências, em especial devido à diminuição das vagas de estacionamento, mas, aos poucos, com o apoio da vizinhança, os trabalhos avançam.
Entre as equipes envolvidas no projeto, está uma arquiteta gaúcha radicada em Buenos Aires. Natural de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, Cíntia Rothen é uma das projetistas contratadas e acompanha as modificações de perto.
— É muito gratificante ver algo que criamos no computador se materializar na cidade e, ainda mais, ver como as pessoas já incorporam isso no dia a dia — diz Cíntia.
Inspiração
Em Porto Alegre, algo parecido ocorre, em menor dimensão e de forma pontual, a partir de projetos envolvendo, por exemplo, a Rua João Alfredo, na Cidade Baixa, algumas vias no Bom Fim e a Rua da Ladeira, no Centro Histórico.
Ainda assim, seria interessante se tivéssemos um projeto mais amplo e ambicioso como o de Buenos Aires - e mais verde também, em especial. Se um dia “concretar” centros urbanos foi sinônimo de progresso, hoje, isso é coisa do passado. Precisamos, cada vez mais, humanizar nossas metrópoles.