Dias atrás, escrevi sobre o problema do lixo entre nós, citando a Suécia, que recicla 99% dos resíduos e transforma entulhos em bens valiosos. Pois a gente tem, aqui mesmo, no Rio Grande do Sul, um belo exemplo do “Trash to Treasure”, que é a capacidade converter o refugo em tesouro.
Criado em 2016, o programa Tampinha Legal já encaminhou para reciclagem 601 milhões de tampas de garrafas pet, somando mil toneladas de plástico com destinação correta. Mais do que isso: esse material, que de outra forma estaria provavelmente entupindo boeiros, poluindo rios e mares e enchendo aterros, se traduziu em R$ 2,6 milhões para 319 entidades sociais.
É o lixo que vale ouro. Isso precisa entrar na cabeça dos nossos governantes e de todos nós. Tem dinheiro a rodo sendo jogado fora.
À frente do Instituto SustenPlást, responsável pelo programa, está um gaúcho chamado Alfredo Schmitt, que tem como braço direito a gerente Simara Souza. Eles contam que a ideia surgiu em Porto Alegre, no 2º Congresso Brasileiro de Plástico. Desde então, pouco a pouco, há uma mudança de comportamento em curso na sociedade. Quem aí nunca juntou tampinhas ou conhece alguém que fez isso para ajudar alguma instituição? Pois é.
As tampas são recolhidas pelas entidades cadastradas e enviadas para os recicladores registrados pelo instituto. Há 3.149 pontos de coleta no RS, em Minas Gerais, São Paulo, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Goiás e no Distrito Federal. Os recicladores fazem a pesagem e pagam o valor devido diretamente às organizações (Apaes, casas de acolhimento, escolas, hospitais, etc.). Todo o processo é acompanhado pelo instituto, que se mantém com o apoio de parceiros. Ao final, as tampinhas reaproveitadas viram baldes, pás, bacias e voltam ao mercado.
— É a economia circular na prática — diz Schmitt.
Ainda há muito pela frente para que ideias como essa se multipiquem e amplifiquem os benefícios à sociedade. Mas é um bom começo. Para saber mais, acesse tampinhalegal.com.br.