Sobrou até para Francisco. Em tempos de “deep fake” e de sistemas de Inteligência Artificial (IA) operando com altas doses de realismo, é bom duvidar de tudo - até mesmo da roupa do Papa.
Ao longo do fim de semana, pipocou nas redes sociais a imagem de Bergoglio usando uma jaqueta branca estilosa, atribuída ao estilista italiano Filippo Sorcinelli. Era uma “japona” e tanto, como a gente dizia lá no Interior: grandona, com um crucifixo pendurado à frente, dessas que as celebridades usam.
Assim que a foto apareceu no WhatsApp, desconfiei. Desde que assumiu o lugar de Bento XVI, Francisco manteve um estilo de vida simples e discreto. Foi um padre próximo aos pobres, pouco afeito ao luxo e à ostentação, e, até onde se sabe, segue tentando manter essa mesma linha no Vaticano. Como, então, explicar uma mudança tão radical?
Sempre que surge uma mensagem duvidosa, a dica é: espere antes de compartilhar, mesmo que o conteúdo pareça sensacional. É difícil, eu sei, mas é necessário.
Antes que a história toda fosse desmascarada, até a Vogue, uma das maiores referências em moda no mundo, caiu na mentira e publicou a tal “notícia”. Depois, apagou o texto e, como se nada tivesse acontecido, publicou uma nova versão, com o seguinte título: “Imagem falsa de Papa Francisco de jaqueta branca viraliza e vira assunto na web.”
Era, enfim, uma montagem criada por um aplicativo de IA. Nenhum de nós está livre de ser enganado, mas é bom reforçar os cuidados. Ali, havia algo de estranho na imagem, além das características do Papa que mencionei acima: as mãos dele pareciam desproporcionais. Em breve, a coisa será tão perfeita que ficará difícil perceber qualquer falha. Por isso, é tão importante agir com precaução e apostar, cada vez mais, em educação midiática.
Não era o caso dessa vez, mas fake news pode até matar.