O mais triste de tudo nessa disputa política sem fim, com ameaças golpistas que não cessam, violência, desinformação e intolerância a rodo, é que seguimos longe - muito longe - do que realmente importa. Enquanto hostes extremistas continuam monopolizando as atenções, alimentando o clima de instabilidade e tentando reescrever a fórceps a história da última eleição, o país deixa para depois debates que deveriam ser para ontem.
No topo da lista infindável de emergências, estão a saúde e a educação, duas áreas terrivelmente afetadas nos últimos anos. Quais são os planos? Como tirá-los do papel? De onde sairão os recursos? Os novos ministros até tentam engrenar, mas o foco no país é outro, sem contar que nem na campanha eleitoral esses temas foram discutidos a contento.
No Congresso, a pauta nº1 em 2023 não deveria ser a intervenção federal em Brasília, mas a reforma tributária, voltada à redução dos impostos sobre o consumo e à simplificação do sistema. A mesma lógica vale para os governadores e o presidente da República, que deveriam estar debatendo e buscando soluções para demandas regionais. Só que não.
Longe da bolha das redes sociais, as pessoas “comuns”, que não estavam nos acampamentos em frente aos quartéis e não foram a Brasília protestar, essas pessoas querem apenas trabalhar, comer, estudar e viver em paz. Na vida real, longe dos aplicativos de mensagem e das teorias da conspiração, é isso o que de fato importa e é para isso que os governos existem.
A minoria que insiste em não aceitar o resultado das urnas - e isso nada tem a ver com o direito de fazer oposição a um governo - causa mais estragos do que podemos supor. Nem todos os prejuízos são visíveis.