Encerrado no início da madrugada desta terça-feira (28), na RBS TV, o último debate entre candidatos a governador do Rio Grande do Sul foi uma oportunidade para avaliar o repertório e a forma como cada um se posiciona diante de temas relevantes para o Estado. O problema é que sobraram promessas e faltou o "como".
Governar, a julgar pelas falas de alguns dos concorrentes, é tarefa simples: basta ter vontade política, arregaçar as mangas e fazer. Será mesmo?
Apontar falhas em áreas como a saúde e a educação é fácil, mas dizer de forma clara e consistente de onde sairá o dinheiro para resolver as pendências, nem tanto. O que se viu, em diferentes momentos do programa, foi uma profusão de soluções reducionistas para desafios complexos, em especial entre os retardatários nas pesquisas de intenção de voto.
O orçamento está longe de ser elástico. Aliás, o governo do Estado finalmente conseguiu retomar os pagamentos em dia de servidores e fornecedores, mas dificuldades estruturais persistem - basta olhar o tamanho da dívida com precatórios, estimada em cerca de R$ 16 bilhões, que precisa ser quitada até 2029. Não há espaço para aventuras fiscais.
E mais: quem conhece minimamente o tema das finanças públicas sabe que a maior parte das despesas do RS é engessada. Isso inclui gastos com pessoal e encargos sociais, pagamento de dívidas, compromissos vinculados a normas constitucionais. Ainda que a arrecadação tenha crescido com a inflação, há pouca margem.
É preciso não só dizer de onde sairá o recurso para viabilizar propostas, como provar que essa verba será "continuada". Traduzindo: não basta, por exemplo, dizer que vai implementar determinado programa educacional com a venda de um bem público - como o Banrisul, por exemplo, citado algumas vezes -, porque isso é verba finita.
Discurso fácil e promessas jogadas ao vento podem até seduzir incautos, mas passam longe do que se espera de um bom governante. Pense nisso na hora de definir seu voto.
Meio ambiente
Curioso notar que o tema "meio ambiente", quando sorteado para pergunta no debate, não suscitou questões sobre medidas de sustentabilidade, incentivo à energia verde ou ideias para reduzir o impacto do CO2 (principal causador do efeito estufa) na atmosfera, por exemplo. A preocupação central parece ser sempre o licenciamento ambiental para a instalação de empreendimentos. É um tema válido, mas já não seria hora de os candidatos ampliarem o repertório sobre as questão ambientais?
Ponto a destacar
Apesar de momentos de tensão e falas duras, o último debate antes da votação de domingo (2) não teve nenhum pedido de direito de resposta. Bom sinal. A discussão deve ser de ideias, dentro dos limites da crítica política, sem ataques e ofensas pessoais. Quem ganha com isso são os eleitores.