O dado até foi citado, meio de passagem, pelo candidato do Novo, Ricardo Jobim, mas nem assim de forma totalmente apropriada. O grande ausente do último debate entre os candidatos ao governo do Estado no primeiro turno foi o orçamento do Rio Grande do Sul.
Há 15 dias, foi entregue à Assembleia Legislativa a proposta com receitas e gastos previstos para 2023, com um déficit potencial de R$ 3,7 bilhões, quando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que o precedeu estimava um pequeno superávit de R$ 37 milhões.
Não é um pequeno detalhe, é um desafio imenso. A mudança decorre da redução nas alíquotas de ICMS de gasolina, energia e telefonia decidida pelo Congresso em negociação com o o governo federal. Foi a manobra que permitiu que o Brasil experimentasse outra vez a "deflação" (entre aspas porque a palavra se refere, originalmente, à queda generalizada de preços, que não é o que acontece).
Conforme o governador Ranolfo Vieira, há tanta incerteza sobre qual será o valor dessa compensação e quando virá que a opção foi não incluir qualquer quantia no orçamento do primeiro ano do próximo governo. Então, pode haver um déficit de R$ 3,7 bilhões ou em valor muito menor. É com esse grau de incerteza que começa o próximo mandato.
Mas a maioria absoluta dos candidato ficou presa a suas certezas setoriais, muitas das quais acabaram se sobrepondo ao todo. Um tem foco no emprego, outro na infraestrutura, outro na saúde, outro na educação. São todos pontos extremamente importantes, mas dependentes do orçamento. Teria feito bem um pouco de realidade orçamentária.