Ainda sob efeito do recuo de preços nos combustíveis, a inflação mostrou novo sinal de alívio na Região Metropolitana. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que registra a prévia de inflação, caiu 0,61% em setembro na Grande Porto Alegre. Com esse resultado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), que é o IPCA-15 acumulado trimestralmente, teve queda de -1,41% no acumulado de julho, agosto e setembro. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (27).
Em setembro, quatro dos nove grupos pesquisados no IPCA-15 apresentaram recuo nos preços na Região Metropolitana. Os destaques ficaram por conta de transportes, alimentação e comunicação. Esse resultado ocorre na esteira do movimento observado no país (veja mais abaixo).
Dentro do grupo de transportes, o preço dos combustíveis teve a maior influência, com destaque para o recuo na gasolina (-10,83%), segundo o IBGE. O órgão destaca que a gasolina teve o maior impacto negativo individual no índice de setembro, lembrando recentes reduções no preço do produto. "Cabe ressaltar que houve redução no preço da gasolina vendida para as distribuidoras em R$ 0,18 por litro, em 16 de agosto, e R$ 0,25 por litro, em 2 de setembro", cita trecho do comunicado regional do IBGE.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), destaca o peso da gasolina dentro da inflação, o que acaba impulsionando a retração no indicador:
— A principal contribuição para a queda veio da gasolina. A gasolina pesa 6% no orçamento. Então, para cada 1% de queda na gasolina, a gente tem um recuo de 0,06 ponto percentual na inflação.
Braz reforça a avaliação do IBGE, destacando que a queda da gasolina nesse último recorte de tempo não ocorre diante da redução de impostos. Braz explica que o recuo dos preços é provocado pela queda nos preços de commodities. Já na parte de comunicação, o economista afirma que a retração é resultado da diminuição de impostos em itens como telefonia fixa e móvel, internet e TV por assinatura.
Na Grande Porto Alegre, a prévia da inflação de setembro apontou a terceira maior queda no grupo de alimentos e bebidas (-0,99%). Na média nacional, esse ramo também apresentou retração, mas em ritmo menor. Olhando alguns itens, levando em conta apenas a variação geral, morango, leite longa vida e cenoura apresentaram as maiores quedas.
A principal contribuição para a queda veio da gasolina. A gasolina pesa 6% no orçamento. Então, para cada 1% de queda na gasolina, a gente tem um recuo de 0,06 ponto percentual na inflação.
ANDRÉ BRAZ
Economista do FGV Ibre
O economista FGV Ibre afirma que o recuo no grupo está muito ligado à alimentação no domicílio.
— A alimentação cedeu. Não apaga tudo que aumentou nos últimos meses, mas qualquer redução nos preços de alimentos é bem-vinda — salienta o especialista.
Entre os cinco grupos com alta nos preços em setembro, vestuário apresenta a maior variação (1,37%), seguido de perto por artigos de residência e despesas pessoais.
No acumulado do ano, o IPCA-15 está em 2,44% na Região Metropolitana. Em 12 meses, o indicador marca 5,87%. Em ambos os recortes, a Grande Porto Alegre está abaixo da média nacional.
Os preços do último IPCA-15 foram coletados de 13 de agosto a 14 de setembro de 2022 e comparados ao período de 14 de julho a 12 de agosto de 2022. O IBGE destaca que o IPCA-15 difere do IPCA, a inflação oficial do país, somente no período de coleta e na abrangência geográfica. O IPCA costuma sair nos primeiros dias de cada mês, mostrando o resultado do mês imediatamente anterior.