Li sobre a "era da urgência desnecessária" enquanto rolava a tela do celular no Instagram, respondia mensagens no Whatsapp, checava e-mails e terminava de escrever um texto - “tudo ao mesmo tempo, agora”. Li e, bem... parei.
“Precisamos fazer tudo tão rápido?”, questionava o post da plataforma de conteúdos The Summer Hunter. “A menos que você seja médico, policial, bombeiro, mãe/pai de um recém-nascido", dizia o post, "é provável que não tenha uma emergência real acontecendo na sua vida diariamente”.
Ao final, a postagem indicava um artigo publicado na Harvard Business Review sobre o desafio de direcionar a atenção para o que realmente importa. Não é tarefa fácil, especialmente quando vivemos em uma sociedade que induz e premia o senso de urgência (afinal, concluir tarefas com rapidez virou sinônimo de produtividade e ninguém quer ficar para trás, não é?).
A corrida insana em que nos metemos anda preocupando, há tempos, quem se dedica a cuidar das mentes humanas e de seus mistérios.
— Essa angústia transbordando, com as pessoas querendo resolver tudo para ontem, é, hoje, um dos principais problemas que chegam aos consultórios. Junto da angústia vem, também, uma medicalização muito grande. É como se não fosse mais possível suportar qualquer espera, mas, na vida, há tempo para tudo — observa a psicanalista Maria Ângela Bulhões, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre e psicóloga do ambulatório do Hospital Psiquiátrico São Pedro.
Como desacelerar? Não há, segundo a especialista, uma fórmula pronta, que “conserte” as coisas em um "passe de mágica", como muitos gostariam. A saída é começar. Será mesmo que precisamos, afinal, responder àquela mensagem de Whats no meio do jantar? Talvez não.