Allan Dias Castro teve a coragem de largar tudo para mergulhar no desfiladeiro do sonho. Deixou o emprego, trocou Porto Alegre pelo Rio de Janeiro e começou do zero. Queria ser poeta. Foi desencorajado no caminho, afinal, “poesia é para poucos”. Mas com quantos “não” se faz um “sim”? Hoje, Allan e seus versos são fenômenos na internet e fora dela.
No início, o gaúcho nascido em Passo Fundo falou para poucos. Apoiado pela mulher, Ana Carolina Dutra, sem pirotecnia e “de cara lavada”, passou a gravar vídeos dando rosto e voz ao que escrevia: pequenos poemas, aforismos, epigramas, autodescobertas. Contava com a audiência da família e dos amigos.
Aos poucos, com talento, dedicação e persistência, rompeu a bolha. A “poesia falada” ganhou o mundo.
Seis anos depois da primeira gravação, Allan soma mais de 100 milhões de visualizações nas redes sociais e tem uma legião de seguidores Brasil afora. É autor de três livros de sucesso - entre eles, Voz ao verbo (Editora Sextante, 2019), que figurou na lista dos mais vendidos do país, e A monja e o poeta (Sextante, 2021), escrito em parceria com a Monja Coen, outro prodígio pop.
— Eu ouvia as pessoas dizendo que poesia era algo difícil e chato, mas acreditava que podia ser diferente. A poesia está em tudo, inclusive nas coisas simples do dia a dia, e pode fazer a diferença na vida de alguém — ensina o poeta, pai de uma menina de dois anos chamada Serena.
Em tempos de ódio e intolerância, a delicadeza das palavras é, também, salvação.
Paternidade e permanência
Allan Dias Castro participa, neste sábado (13), véspera do Dia dos Pais, de um encontro aberto ao público com Fabrício Carpinejar sobre paternidade e permanência.
Será às 10h, com mediação de Débora Tessler, no Crematório Metropolitano da Capital, a convite do Grupo Cortel, no projeto Raízes Eternas. O ingresso é um quilo de alimento não perecível.
— Meu pai sempre foi muito importante para mim. Ele faleceu em 2020, de covid, pouco antes da minha filha nascer. Em uma das nossas conversas, quando eu ainda nem sabia que a Ana (Ana Carolina Dutra) estava grávida, ele me disse o quanto é maravilhoso ser pai. É um ensinamento que carrego comigo. É disso que vou falar nesse encontro: sobre ser um pai presente, sem ter a presença do meu — diz Allan.
Outros encontros
Em setembro, Allan volta à Capital para um bate-papo com a especialista em neurociência Cynthia Requena no Instituto Ling, no dia 5, e o lançamento de A monja e o poeta, com a Monja Coen, na livraria Leitura, no BarraShopping Sul, dia 6.
A poesia falada de Allan
Com aval do poeta, a coluna selecionou alguns dos poemas falados por ele nas redes sociais, sobre temas variados, publicados nos últimos anos. Para ver e ouvi-los na voz de Allan, acesse os perfis do escritor no Instagram (@allandiascastro), no YouTube (basta procurar pelo nome dele) ou no TikTok (@allandiascastro). Aí vão alguns deles:
Confia na vida.
Toda cicatriz já foi ferida.
...
Rotina é uma gaiola que
só abre às sextas-feiras.
Passou a vida esperando?
A vida passou voando.
...
Sentimento é mapa
Segue o seu
...
A melhor maneira de
evitar o que nos atrasa
É passar mais tempo com
quem nos tira a pressa
...
Gentileza é eco
...
A saudade é a visita
De quem está presente
Na gente
...
Só perco o sono
Pelos meus sonhos.
...
Levar a vida a sério
Não significa
Perder a graça