Não é só entretenimento. Há fenômenos da cultura de massas que não podemos ignorar, pelas proporções que suas ações tomam na sociedade. Com mais de 300 milhões de seguidores nas redes, uma fortuna estimada em US$ 440 milhões e uma capacidade quase sobrenatural de captar e traduzir tendências - melhor do que muitos analistas e cientistas sociais -, Beyoncé merece atenção. A mulher é um fenômeno.
O single Break My Soul, do álbum Renaissance (em destaque na foto abaixo), foi lançado pela cantora no fim de junho e não só atingiu o Top 10 da Billboard nesta semana como se transformou, rapidamente, em uma espécie de hino de um fenômeno em curso nos Estados Unidos - visível, também, em outros lugares do mundo, inclusive no Brasil, ainda que em menor proporção.
Acelerado no pós-pandemia, esse movimento vem sendo chamado de “The Great Resignation”, algo como “a grande renúncia”. É mais ou menos o seguinte: o tsunami provocado pelo coronavírus levou muita gente a repensar a vida e o trabalho. Mesmo com bons empregos, pessoas bem colocadas (mas insatisfeitas) decidiram mandar tudo às favas. Perceberam que a vida, afinal, é um sopro.
Em sua canção, Beyoncé conseguiu expressar esse “Zeitgeist”, ou “espírito do tempo”, como diriam alguns, e o hit passou a ser a trilha sonora - veja só - de uma onda de pedidos de demissão. Mas não é só isso.
Nos últimos anos, a diva pop - que tem 40 anos e é mãe de uma menina e de um casal de gêmeos - tornou-se uma das vozes mais fortes e atuantes da representatividade negra e feminista. Alçou, como poucos, a cultura preta a um novo patamar. Como disse, não é só entretenimento.