Já vou logo avisando: não sou fã da música de Anitta, não me identifico com o estilo dela e tenho cá minhas dúvidas sobre a associação entre empoderamento feminino - para usar uma expressão da moda - e a hipersexualização da mulher. Dito isso, não dá para negar que Anitta é um fenômeno.
Não estou falando apenas do mundo do showbusiness e da cultura de massas, mas do poder de influência da popstar em outras áreas - inclusive, na política. Anitta arrasta multidões, sabe se comunicar, administra a própria carreira como poucos e consegue manter engajados milhões de seguidores nas redes sociais e fora delas.
O último feito da cantora - além de se tornar a mais ouvida do mundo na plataforma Spotify e na Billboard Global - foi ajudar a alavancar o alistamento de jovens eleitores no país. Bastou Anitta aderir à campanha do Tribunal Superior Eleitoral (dizendo que só faria selfie com quem mostrasse o título) para que o número de novos registros entre pessoas de 16 e 17 anos (cujo voto é facultativo) desse um salto.
Só no RS, entre março e abril, o avanço foi de 86,7% na faixa etária dos 16 anos. Não é pouco, ainda mais quando se sabe que o interesse por participação vinha em queda livre, eleição após eleição.
É claro que a reversão do quadro não pode ser atribuída apenas a Anitta (a campanha é mais ampla), mas a mobilização nas redes dá uma ideia do alcance: uma única postagem dela sobre o tema atingiu 250 mil curtidas no Twitter - mais do que o número de novos eleitores em uma semana no Brasil.
A questão, agora, é: como essa gurizada vai votar em outubro de 2022? Anitta já deixou clara sua posição política. Se isso vai se refletir nas urnas (e se fará alguma diferença no resultado), só o tempo dirá.