A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Pioneiro na Região Sul e segundo do segmento no país, o curso de Design de Moda da Universidade de Caxias do Sul (UCS) está completando três décadas de história. Quando foi criado, em 1992, apenas a Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, possuía graduação na área. A ideia surgiu no campus central da UCS, junto ao curso de Artes, e se desenvolveu a muitas mãos, com a coordenação da professora Guadalupe Bolzani.
No início da empreitada, Bernardete Venzon, 56 anos, já integrava o quadro de docentes, junto do professor Sérgio Lopes. Ambos seguem até hoje no que Bernardete define como “uma construção constante”.
Para ela, oferecer moda como opção de estudo nos anos 90 foi uma aposta em inovação, afinal, foi nesta década que o mundo passou a ter um olhar mais atento para o setor. Essa necessidade de evolução em tempo real é justamente um dos maiores desafios do bacharelado:
— Sempre buscamos estar em sintonia com o que acontece ao nosso redor, antecipar tendências, olhar para o mundo e, ao mesmo tempo, preservar nossas raízes.
A tradicional parceria entre empresas e academia, uma tradição na Serra Gaúcha, impulsionou a procura pela qualificação e garantiu que os alunos tivessem espaço cativo no mercado de trabalho, mas se engana quem pensa que moda é só passarela.
— Moda é uma indústria, não só criação e desenvolvimento de coleções. Também somos processos, sistemas, materiais, pesquisa — defende Bernardete.
Maratona de Moda
Na missão de decodificar o presente, a Maratona de Moda do Campus 8 apresentou, na última sexta-feira (1), mais um desfile de conclusão de curso, com a missão de responder a pergunta “O que a moda precisa?”. A formanda Nathália Maria Costella, 23 anos, foi quem se saiu melhor, com peças inspiradas nas forças curativas da respiração e na vastidão do deserto e foi premiada com uma bolsa de pós-graduação.
A coleção nomeada de Desert Breath (Respiração no Deserto) é inspirada em uma escultura do Saara que leva o mesmo nome, e é composta por peças com cambraia de seda com algodão e uma segunda pele feita em tule.
Nathália descreve a experiência do curso como positiva, principalmente no seu desenvolvimento como criadora. Atualmente ela trabalha como pesquisadora.
— Estou amando e fico encantada em investigar o comportamento e tudo que existe por trás de uma tendência — conta.
Para responder a questão proposta pelo desfile, com a criação de 20 croquis e a confecção de dois looks, Nathália contou que pensou na ideia de esvaziar a mente e questionar como seria o nada.
— Minha resposta final foi o deserto — conta.
Moda em números
Um estudo elaborado pela Secretaria de Estado de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) levantou que o RS conta com 32,5 mil empresas responsáveis pela geração de 238 mil postos de trabalho no segmento da chamada economia criativa. Em 2018, 7,1% do total de postos de trabalho formais e 7,3% das unidades produtivas do Estado eram no setor de moda, além de 83 mil profissionais que atuam como microempreendedores individuais na área.