A jornalista Raíssa de Avila colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
Em um mundo de tendências mutáveis e consumo imediato, as redes de fast fashion (lojas de departamento, por exemplo) correm contra o tempo para acompanhar o que está na moda. Nadando contra a maré, o slow fashion vem se tornando a opção de muitas marcas, que trabalham com peças produzidas por demanda. Em Novo Hamburgo, polo da indústria da moda no RS, vários ateliês já funcionam com modelos limitados, mirando na sustentabilidade. É o caso da Liss Leather Bags, da empresária Kátia Guimarães. Com produção local e mão de obra artesanal, as bolsas são confeccionadas conforme a encomenda.
– Estoque é dinheiro parado. Dessa forma a gente consegue respeitar os ateliês, com um tempo humanizado de produção e oferece uma peça exclusiva para as clientes - conta Kátia.
Outra marca da região do Vale dos Sinos, a Authentica Leatherwear segue o mesmo método de produção. A loja até tem alguns modelos a pronta-entrega, mas a ideia é que as clientes participem de todo o processo de confecção das roupas. A empresária Cíntia Voges, à frente da marca, conta que outra vantagem é a possibilidade de ajuste para todos os tipos de manequins:
– Os corpos mudam e nós conseguimos entregar algo que, além da qualidade, se ajusta em nossas clientes.
Couro e sustentabilidade
Não é por acaso que marcas de couro estão investindo no slow fashion. O respeito pela matéria-prima, que é oriunda do descarte das indústrias alimentícia e farmacêutica, acabou virando prioridade para muitos consumidores. Além disso, a durabilidade das peças é muito maior, além de demorar menos tempo para decomposição (enquanto o couro leva 50 anos, uma peça de poliéster demora 400 anos).
– Uma peça de couro é para a vida toda. Não podemos produzir só por conta das tendências – defende Kátia.
De olho na mão de obra
Uma pesquisa da The Global Slavery Index de 2018 aponta que indústria da moda é a segunda categoria de exportação que mais explora o trabalho forçado. De acordo com o estudo, cerca de 40,3 milhões de pessoas estão nessa situação, das quais 71% são mulheres.