Não é de hoje que a artista gaúcha Lenora Rosenfield, 68 anos, brilha na cena internacional, mas a exibição da qual participa atualmente, em Nova York, nos Estados Unidos, tem um gostinho especial: com sua arte ímpar - elaborada a partir de um afresco sintético criado por ela própria, à base de materiais da construção civil - Lenora é a única brasileira presente em uma concorrida exposição na Big Apple.
Em cartaz até o dia 26 de fevereiro na galeria Lichtundfire, a mostra Reshuffle inclui obras de oito norte-americanos e da respeitada professora de Porto Alegre. Por quase 30 anos, Lenora lecionou no Instituto de Artes da UFRGS, onde formou grandes nomes e se tornou referência em restauração no Estado.
— Para mim, ser a única brasileira dessa exposição é motivo de grande orgulho. Desde os 18 anos vou a Nova York a estudo. Esse é o resultado de sementes que fui plantando ao longo do tempo.
Biografia
Nascida em Porto Alegre, Lenora tem pintado nos últimos 20 anos com um procedimento criado por ela: o afresco sintético, feito com materiais nacionais usados na construção civil (fonte de suas pesquisas). Atualmente, pesquisa mapas e seu DNA, cujas formas influenciam as telas por ela produzidas.
Aos 18 anos, por meio de um intercâmbio, Lenora foi estudar pintura na New School for Social Research, em Nova York. Na década de 80 morou em Florença, na Itália, onde cursou restauração. Na década seguinte, foi bolsista da Harvard University, onde pesquisou restauro e materiais de pintura.
Mais tarde, concluiu mestrado em Poéticas Visuais na UFRGS e doutorado sanduíche na USP e na New York University, com bolsa da Fullbright.
Pós-doutora pela Università degli Studi di Udine, na Itália, foi professora de pintura do Instituto de Artes da UFRGS (1993 a 2017) e por mais de duas décadas esteve à frente do laboratório de restauração da instituição.
Participa de exposições coletivas e individuais desde a década de 70. O final de 2016 culmina com a retrospectiva Itinerários, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) Ado Malagoli, com a curadoria de Francisco Dalcol. Seus trabalhos estão no acervo das principais instituições do Estado do RS e em coleções particulares no Brasil, Estados Unidos e Europa.
Em maio de 2018 lança o livro “Itinerários”, que marca seus quase 50 anos de dedicação às artes.