Foi lançado nesta quinta-feira (3), em São Paulo, o livro Aline Morena por Hermeto Pascoal (Editora Laranja Original). Não por acaso, em 2022 se completam 20 anos do início da atuação da cantora-compositora gaúcha (de Erechim) com o Bruxo alagoano. O livro, que lembra esse tempo, chega no momento em que ela divulga seu segundo álbum solo, Aline Morena Convida!, nada menos que 22 faixas reunindo cerca de 50 participantes.
Lembrando: formada em canto pela Universidade de Passo Fundo, em 2002 Aline vivia em Curitiba quando decidiu dedicar sua carreira musical à obra de Hermeto. Logo se conheceram e ela passou a aparecer como convidada nos shows dele, até se firmar em seu grupo. Daí, formaram a dupla Chimarrão com Rapadura – também título do DVD lançado em 2006. Em 2014, lançou o primeiro CD solo, com arranjos dele.
No novo trabalho Aline assina metade das músicas sozinha, duas ou três são parcerias com Hermeto, outras só dele, outras de vários autores em pot-pourris – Baden Powell, Elton Medeiros, Chico Buarque, Bach... Uma das parcerias com o Bruxo, a valsa De Bem com a Vida (que, segundo ela, "é o Hino do Templo do Som") tem a presença da gaita de Renato Borghetti. As gravações foram entre Porto Alegre, Curitiba e São Paulo.
Sobre seu arranjo para a Habanera, conta que "a Carmen, do Bizet, foi passear na Argentina e no Brasil e conheceu Piazzolla e Hermeto". Ela está estreando como arranjadora, além de tocar piano, violão e percussão. Aprendeu muito nos 20 anos viajando pelo mundo. Com ritmos de todas as latitudes, música instrumental e cantada, este grande álbum mostra que, a partir do mestre, Aline define sua personalidade.
ALINE MORENA CONVIDA!, de Aline Morena
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Simplicidade e reflexão
Tive o prazer de conhecer Érico Moura em 2019, quando comentei aqui seu segundo disco. Se demorou 12 anos para gravar aquele (o primeiro saiu em 2007), desta vez foi mais breve, com o lançamento de Tudo É Processo – que terá show dia 30 de março no Café Fon Fon, em Porto Alegre. Atuando entre a música e a psiquiatria, o compositor, cantor e violonista/guitarrista porto-alegrense mostra que essas atividades podem ser complementares. As letras de suas canções que mesclam pop, rock e MPB são em geral reflexivas mas, sabiamente, simples e atuais. Falam de amizade, solidariedade, natureza, da vida que segue em meio ao espanto. Sim, também gritam. Sem música, valeriam como poemas.
Podem ser leves, como Desfilando Poesia, ou ásperas, como Basta, a mais power de todas ("Basta de racismo/ Intolerância, injustiça/ O diferente é quem faz a diferença"). Érico gosta de parceiros e traz alguns. "Creio na potência dos encontros", diz. "Gosto de me perder no oceano alheio, sair molhado e renovado." Um dos parceiros é o também poeta e psiquiatra Celso Gutfreind, coautor da – digamos – freudiana Mamãe Sabia Cantar. Moderno, instrumentalmente competente na produção de Diego Lopes, Tudo É Processo não se parece com nada que há por aí, sem contar que Érico é um intérprete muito convincente e tem a seu lado músicos da categoria de Luciano Granja, Bruno Neves e Felipe Magrinelli.
TUDO É PROCESSO, de Érico Moura
- Distribuição Tratore
- CD R$ 20 (pedidos para erico.moura@gmail.com), disponível nas plataformas digitais