Grávido da primeira filha, que deve nascer em setembro, Paulinho Parada não para. O compositor porto-alegrense tem nada menos do que três projetos com financiamento coletivo aberto na plataforma catarse.me. Devem ser lançados neste ano nas plataformas digitais. Um deles é Respira, quarto álbum solo — o primeiro, com a participação do Plauto Cruz, saiu em 2007, quando ele era um guri de 17 anos. Paulinho resume:
— Comecei a compor para um disco novo, e é curioso que, em pleno isolamento da pandemia, o samba tenha tomado força em meu inconsciente. Não foi uma decisão racional, foi necessidade emocional.
Outro é o álbum Viva Plauto Cruz!, resultado da pesquisa desenvolvida durante o mestrado em Música Popular na UFRGS. Um dos maiores flautistas e chorões da história da música brasileira, figura lendária da noite de Porto Alegre, Plauto (1929-2017) tornou-se ídolo de Paulinho.
Com ele no piano e violão, o disco, instrumental, terá inclusive composições inéditas, e reúne jovens músicos da cidade, como Stefania Colombo (flauta), Júlia Schirmer (violão 7, bandolim), Eduardo Rukat (cavaquinho) e Maicon Ouriques (pandeiro). Arranjos para violões do grande professor Luiz Machado.
E para fechar a “trinca”, em sua dissertação de mestrado, apresentada em 2018 (Nós da Noite: Memória, Esquecimento e Atividade Musical Profissional em Porto Alegre), Paulinho traz à tona a cantora e compositora Luiza Hellena. No documentário, realizado a partir da pesquisa, ela surge como uma artista que não poderia ter sido esquecida. Começou a cantar em Pelotas, onde nasceu. Os preconceitos a fizeram mudar-se para a Capital, onde atuou em casas noturnas como Carinhoso, Pandeiro de Prata e Se Acaso Você Chegasse. Luiza Hellena está com 76 anos. “A história dela é impressionante”, garante Paulinho Parada.
Antena
SUCESSO BENDITO, de Arthur Nogueira
Cada vez mais em evidência, o cantor e compositor paraense radicado em São Paulo decidiu encarar uma parada difícil: um álbum só com músicas de Caetano Veloso — quarto da carreira iniciada em 2009. Mas se dá bem.
Arthur evita qualquer comparação, com sua voz grave e seu violão mínimo absorvendo 10 canções, todas lentas, em maioria pouco conhecidas. A mais notória é Força Estranha (1978), a mais antiga, Drama (1972), a mais recente, Estou Triste (2012). Algumas Caetano nunca gravou, como Sucesso Bendito, lançada por Bethânia em 1984. Entre as outras, Eu Te Amo (1976), Giulietta Masina (1987), Menino Deus (1982), Tempestades Solares (2000).
NOCTURNAL GEOMETRIES, de Andrey Gonçalves
Quando se mudou para os Estados Unidos, em 2013, o contrabaixista Andrey Gonçalves era conhecido só em sua cidade, Niterói. Hoje, depois de anos de estudos (atualmente faz doutorado em Jazz e Educação Musical) e vivências com músicos como Frank Gambale, ele começa a alçar voo com as próprias asas.
Nocturnal Geometries, seu álbum de estreia, reúne sete de suas composições gravadas no formato ao vivo com piano, bateria, sax, trompete e trombone (ótimos músicos, arranjos inventivos e arrojados). É jazz contemporâneo com pitadas de latin-jazz e free-jazz. A última faixa, Mancada, única com título em português, tem o samba como referência.