Quer uma novidade na música pop de Porto Alegre? O primeiro disco da banda Besixdouze, Satellite Circumeuntibus. What? Pois é, os nomes são estranhos e o som também não se parece com nada ao redor, embora, não sei por que, me tenha feito lembrar Interestellar Overdrive, música do Pink Floyd ainda ao tempo de Syd Barrett.
O compositor e multi-instrumentista por trás da banda é Evan Nave, pseudônimo do também publicitário e analista de sistemas Carlos Eduardo Faleiro, autor de vários álbuns de trilhas sonoras de ficção científica, estética que traz para o CD.
Entre os diferenciais da Besixdouze está a voz minimal de Fabíola Barreto (ou Neila Alien), companheira de Evan, e a formação mutante, com instrumentistas se alternando – são 11 no disco, entre eles os conhecidos Claudio Calcanhotto, Franco Salvadoretti, Vini Tonello e Egisto Dal Santo, também produtor do álbum.
Guitarras, teclados, flauta, baixo, bateria e gaita percorrem as faixas, massa sonora consistente conduzindo belas melodias e letras surpreendentes, como a da surrealista marcha-rancho Quatro Quartéis e a da valsa Eva Aurora.
Em meio a valsa e rock, uma aura erudita às vezes surge. Letra da progressiva Velha Guarda: “Quando a velha guarda era jovem/ Eu vi Elis Regina com um cigarro na mão/ E um quarteto de voz cantava uma canção/ Vem me buscar, vem me buscar, disco a voar!”.
Sombras futuristas e uma certa melancolia perpassam o álbum, que prende a atenção o tempo todo. “Passamos um ano gravando e na hora de lançar veio a pandemia”, registra Faleiro/Evan. O nome da banda vem do asteroide fictício do Pequeno Príncipe e de um asteroide real descoberto em 1993, o B612.
O design gráfico de Renan Trindade é brilhante. Recomendo sem pestanejar.
SATELLITE CIRCUMEUNTIBUS, da Besixdouze
- Nave Records, CD R$ 30 na loja online do Dub Studio e no Instagram da banda. Disponível nas plataformas digitais
Sobre os (meus) 50 anos do Sala de Redação
Eu era um dos editores de Zero Hora quando Cândido Norberto passou a apresentar o hoje histórico programa, em junho de 1971. A Rádio Gaúcha tinha um pequeno estúdio na redação do jornal, onde iam ao ar alguns noticiários. Sozinho, levando o microfone com um cabo (fio) enorme, Cândido (já uma lenda do rádio) andava pela redação conversando com editores e repórteres que chegavam da rua.
Esse foi o início: Cândido e um microfone. Conversei com ele várias vezes, sobre questões de Porto Alegre. Devido à repercussão, um tempo depois o Sala abriu espaço para o bate-papo sobre futebol, começando com Paulo Santana, que na redação ninguém conhecia - e que até nem era bem-visto, por ser delegado. O resto é História.
Antena
EL JUSTICIERO CHA, CHA, CHA, Vários artistas
Em 2011, produzido por Arthur de Faria e o argentino Humphrey Inzillo, foi lançado lá, pelo selo independente Club del Disco, o CD El Justiciero Cha, Cha, Cha – Un Tributo a Os Mutantes. Artistas e grupos como Fito Paez (Argentina), Fernando Cabrera (Uruguai), Café Tacuba (México) e Aterciopelados (Colômbia), interpretando em espanhol músicas gravadas pela maior banda pop brasileira de todos os tempos.
Entre elas, Vida de Cachorro, 2001, Balada do Louco, Não Vá se Perder por Aí, Minha Menina, Panis et Circences. Eram 18 faixas, gravadas em três anos de trabalho artesanal. Pois 20 anos depois o histórico álbum chegou às plataformas digitais.
MISSÃO DO CANTADOR, da Banda de Pau e Corda
Apresentada ao Brasil em 1972, na onda de renovação da música pernambucana (ao lado de Quinteto Violado, Alceu Valença, Geraldo Azevedo), a Banda de Pau e Corda nunca “fechou pra balanço”, mas desde 1992 não lançava disco de inéditas. Ele chega agora, antecipando a comemoração pelos 50 anos de estrada.
Da formação original resta o cantor e violonista Sérgio Andrade, mas os cinco ou seis integrantes que foram chegando mantêm o espírito. Tem baião, xaxado, frevo, valsa e modinha, com ótimas harmonizações vocais e convidados como Mestre Gennaro, Chico César, Zeca Baleiro e Marcello Rangel, da nova geração. Biscoito Fino, CD R$ 45, disponível nas plataformas digitais