Ricardo Severo e Flávio Flu Santos são músicos da mesma geração porto-alegrense dos anos 1980 cujas carreiras tomaram rumos diferentes mas, de certa forma, paralelos. Por coincidência, ambos estão com projetos novos, mas não exatamente atuais.
Severo, que começou acompanhando Adriana Calcanhotto e Joe Euthanazia, acaba de colocar nas plataformas digitais álbuns com as trilhas sonoras dos musicais Por um Punhado de Jujubas e Ópera Monstro – o primeiro completando 30 anos da estreia e 20 de lançamento do CD, o outro comemorando 10 anos da estreia e do CD. Com Mundo Novo, seu quarto álbum solo, Flu, ex-DeFalla, reúne gravações que vem fazendo “desde o início do século 21”.
Montado pela Cia.Teatro Di Stravaganza, o musical Por um Punhado de Jujubas, dirigido “às crianças de todas as idades”, ganhou vários prêmios e reforçou o talento do tecladista Ricardo Severo como criador de trilhas sonoras. Essa atividade o levaria também ao cinema (fez vários trabalhos para Carlos Gerbase) e às produções de TV, e a ganhar mais e mais prêmios, no Rio Grande do Sul e em São Paulo, para onde se transferiu em 2002. Tanto em Jujubas (“Minha filha adorava esse disco”, diz o cineasta Jorge Furtado), quanto no mais arrojado Ópera Monstro, Severo mescla pop e eletrônica na dose certa, ele nos teclados e as vozes dos atores do grupo, com componentes de humor e fantasia que fazem a diferença.
As viagens eletrônicas e guitarrísticas de Flu também têm um DNA imagético. As 11 composições de Mundo Novo surgiram e foram processadas em diferentes situações – ele viveu cinco anos no Rio, três em São Paulo, voltou para POA em 2012, mas sem paradeiro fixo.
O álbum espelha isso, uma paisagem sonora que vai dos sons eletrônicos propriamente ditos ao rock, ao funk, ao jazz, à salsa, ao samba. Tudo dentro de um conceito que dá unidade à diversão. Para começar, estão o tempo todo em cena Flu (baixo, guitarras, teclados, loops), Marcelo Fornazier (guitarras, violas, teclados) e Luciano Granja (guitarras). Tocam muito! E tem convidados, como o guru Carlos Eduardo Miranda, que se foi em 2018.