Quem tem 72 anos, como eu, já viu muita gente morrer. De gente da música brasileira, já perdi a conta dos necrológios que fiz. Mas quando Alexandre Lucchese me ligou neste sábado com a notícia da morte de João, meu fluxo normal de pensamento foi interrompido para conferir se eu ouvira bem. Primeiro reflexo: um pequeno susto. Segundo: dois dias atrás, Renato Rosa me enviara uma foto presumivelmente recente de João velhinho, bem magro, terno e gravata, em pé, com o violão ao lado, porte altivo. Disse ao Renato: esta foto me parece fake. Era muita coincidência, embora a morte de João, pela idade, o longo isolamento e a sabida debilitação física pudesse ser naturalmente esperada. Mas quando Lucchese me ligou, as 16h30min deste sábado, eu estava offline desde a noite anterior, fora de Porto Alegre.
Memória
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Juarez Fonseca