Um dos músicos mais importantes da cultura nacional, João Gilberto morreu neste sábado (6), aos 88 anos. A informação foi divulgada por João Marcelo Gilberto, filho do músico que mora nos Estados Unidos. A causa da morte ainda não foi divulgada.
"Meu pai morreu. Sua luta foi nobre, ele tentou manter sua dignidade ao perder sua soberania", escreveu Marcelo, agradecendo ainda o apoio da família e de Maria do Céu, namorada do músico nos últimos anos.
Um dos ícones da bossa nova, responsável por revolucionar a maneira de cantar e tocar violão, ele deixa três filhos, João Marcelo, Bebel e Luisa.
De acordo com o colunista Guilherme Amado, da revista Época, amigos de João Gilberto informaram que ele passava por um exame quando teve complicações. O corpo deverá passar por uma autópsia.
Nascido em Juazeiro, na Bahia, em 1931, João Gilberto estreou em 1959, com o disco Chega de Saudade, que, junto aos álbuns seguintes, O Amor, o Sorriso e a Flor (1960) e João Gilberto (1961), ajudaram a criar, popularizar a internacionalizar a bossa nova.
Recluso nos últimos anos
João Gilberto vivia problemas financeiros decorrentes de processos judiciais e havia sido interditado. Estava sob tutela provisória de Bebel, 52 anos, que voltou ao Rio depois de 26 anos em Nova York, entre outros motivos, para tratar da situação do pai.
Na última década, o músico baiano vivia recluso em sua casa, no Rio de Janeiro. Nos últimos anos, ele enfrentou um longo e árduo processo contra a gravadora Universal Music, acusada de esvaziar o patrimônio da EMI justamente para não lhe pagar os devidos créditos. Em março deste ano, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) confirmou a vitória do músico em segunda instância.
Em 2018, o músico enfrentou processo de despejo por conta de pagamentos atrasados e deixou o apartamento em que morava, no Leblon, na zona sul do Rio. Acabou sendo levado a um imóvel cedido por uma amiga da família. À época, a advogada de sua filha Bebel Gilberto, Simone Kamenetz, relatou que ele vivia em situação de fragilidade física e mental, agravada pela condição de miserabilidade financeira.
Desde 2017, a cantora estava na Justiça para interditar o pai, como forma de cuidar de sua saúde e resguardar suas finanças. Segundo Bebel, João Gilberto tinha uma hérnia não tratada e não se submetia a exames. A Justiça chegou a autorizar o arrombamento do apartamento do Leblon para que João fosse citado quanto ao processo de interdição e também para que seu estado fosse avaliado devidamente. Mas, ao entrar no imóvel, as oficiais constataram que sua condição mental o impedia de compreender o que se passava. Nesses casos, o procedimento é não realizar a citação.